quinta-feira, 15 de maio de 2014

O roubo do domínio bardoescritor.net



Em 2007 iniciei a produção do Ezine (eletronic-zine) Bar do Escritor, uma publicação virtual de contos, crônicas e poemas dos autores da comunidade BdE do Orkut. Registrei o domínio www.bardoescritor.net por R$ 30,00, contratei uma provedora por R$ 10,00 e paguei R$ 300,00 para um programador fazer o site. Tudo muito simples, mas arrumadinho e bastante interessante.
Convidei diversos escritores para editarem rodadas com autores de sua preferência, entre nacionais e internacionais, conhecidos e anônimos, sendo que a única obrigação era a permissão para uso do texto e a ajuda na divulgação. O ezine chegou a receber 150 mil acessos. Foram 58 rodadas de literatura (ou drinks literários).
Em 2012 não fiz a renovação do domínio, estava meio sem grana. Lá pelo meio do ano, com a próxima rodada pronta e uns trocados no bolso, acessei o Registro.br para regularizar o pagamento e prosseguir na empreitada de publicação virtual, porém descobri que o domínio havia sido comprado por uma empresa norteamericana, a  www.flancrestdomains.com . Contatei a empresa e, para meu espanto, eles informaram que me devolveriam o domínio pela módica quantia de $ 5000. Em extenso, para não deixar dúvidas: cinco mil dólares!
Em pesquisa na internet, descobri que é pratica comum monitorarem e registrarem domínios com muitos acessos que não são renovados para revendê-los com ágio aos verdadeiros desenvolvedores da marca. Aconteceu com a Coca-Cola, a Sony e até a Madonna. É prática comum, sim, mas não honesta, diga-se.
Obviamente não comprei de volta o domínio, tampouco iniciei ação jurídica internacional, como a Coca, a Sony e a Madonna, para reaver o que era do BdE por direito natural. Averiguei a data em que o registro expiraria e esperei para fazer o procedimento inverso, ou seja, comprar de volta no sistema o domínio que eu havia inventado. Nesse interlúdio, por trinta dinheiros brasileiros, registrei o bardoescritor.com.br .
O registro internacional expirou hoje, dia 14/05/2014. Acessei o site de registro e, para minha surpresa, a malfadada empresa havia renovado o domínio algumas horas antes. Contatei a empresa novamente. Eles me disseram que o devolveriam de bom grado, inclusive com desconto de 50%, por apenas $ 2500. Em extenso novamente: duas mil e quinhentas doletas.
Encaminhei um email ao flancrestdomains: give me back my domain, your thiefs. Imagino, porém, que eles não o farão sem o recebimento do sequestro. Sim, pois é um sequestro de marca, de ideia, de projeto. Uma atitude absolutamente canalha e exploradora, típica do capitalismo arrogante de empresas sem ética.
O problema nesse imbróglio é que a programação do site faz referência ao bardoescritor.net, ao invés de acessar a pasta raiz do ambiente onde estão hospedados os textos, assim, para conseguir voltar com o ezine, é preciso usar o mesmo domínio ou fazer uma nova programação reescrevendo o site antigo. Pesquisei quanto custaria a nova programação: R$ 2000,00.
O BdE é uma entidade sem financiamento, além da ajuda dos barnasianos, é praticamente impossível recolhermos tal dinheirama para refazer o site em outro domínio.
Portanto, ficaremos sem o ezine no bardoescritor.net até pelo menos 13/05/2015, quando o registro expirar novamente. O ruim é que sempre que vendemos uma das três primeiras antologias e o comprador se interessa por conhecer o site, ele acessa o domínio roubado e a cada vez que há um acesso, a empresa sacana percebe que há público e interesse por aquele espaço. Possivelmente renovarão o domínio no ano que vem. Somente nesta quarta antologia é que informamos o novo espaço.
Como há o lado bom para tudo, percebi o quanto é importante formalizar nossos trabalhos. Ou melhor, importante não, necessário, pois há aqueles que não partilham nossas concepções de honestidade e direito. O que a tal empresa fez é legal, mas absolutamente amoral e indigno.

4 comentários:

Glauber Vieira disse...

Puxa, que coisa. Eu já tinha ouvido falar de empresas que criam domínios para vender depois, como foi o caso da Globo, anos atrás. Quando Marina Silva foi candidata a Presidência, criaram vários domínios com o nome dela, a fim de que a legenda comprasse, e por aí vai.

Unknown disse...

Vale a lição aprendida em meio a toda essa sacanagem. Precisamos mesmo ser mais cuidadosas (os), pois há pessoas e empresas com más intenções.

geraldo trombin disse...

sempre existem os espertinhos que gostam de de tirar proveito... temos mesmo de confiar, desconfiando... como dizia um amigo

MPadilha disse...

eu pensei que só os brasileiros fossem malandros...