quarta-feira, 30 de abril de 2014

Convidado Ricardo Mainieri

Patologia urbana


Encurralada
por entre
naves de cimento & aço
a visão do céu
soa como um prêmio.


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Ricardo Mainieri
mainieri@dmae.prefpoa.com.br

terça-feira, 29 de abril de 2014

Conluio


Você se diz meu amigo
Amigo incondicional
De todas as horas
Me beija se choro
Me abraça se beijo
Se aproveita
Me deita
Me possui
Um conluio
De dias
 
Amor,
Mata meus inimigos pra mim?

Flipiri 2014 com a participação do Bar do Escritor

a Flipiri - Festa Literária de Pirenópolis vai de 30/4 a 3/5 nessa belíssima cidade histórica goiana de cachoeiras e livros. O Bar do Escritor estará lá para participar de várias mesas de debate e uma oficina, baseada na experiência do Bar do Escritor, claro.
A festa contará com os amigos Giovani Iemini, Cristiano Deveras, Nicolas Behr, Alexandre Lobão, Rosângela Vieira Rocha, Margarida Patriota e Maurício Melo Júnior, além de diversos outros escritores que serão convidados a compartilhar seus textos aqui no BdE, trocar umas ideias e quebrar uns copos (afinal, é festa).
Apareça.

para saber sobre minhas participações de Giovani Iemini, veja aqui.

www.correiobraziliense.com.br

segunda-feira, 28 de abril de 2014

“Contos de Encantos”, uma nova obra literária de Quito Arantes, a confirmar o percurso de um escritor, atento e recetivo à mudança, mas à mercê de seus concidadãos, numa época que se nos depara rigorosa e intransigente. Opta, por isso, por um narrador que se desdobra, ora em participante, envolvendo-se no enredo, ora como observador, distanciando-se do vivido para melhor compreender e agir, face às exigências de uma sociedade em (im)perfeita mutação.
      Um livro que, à semelhança de obras anteriores do mesmo autor, ressaltam, nas ações das personagens, estados de inquietação comungando, simultaneamente, com a evocação, alicerçada na memória de um tempo ido e vivências do contemporâneo.
     “Histórias” de encantar aos olhos do leitor, onde sobressaem temáticas como o amor, a amizade, a compreensão, a (in)justiça… , evidenciadas no caráter de Jorge, em “Momentos da Vida de Isabel”; na fragilidade de Estrela, no Conto “A Maresia de Estrela” ou, entre outros, no ”A Conquista do Poder aos Malfeitores”, protagonizado por Mafalda e Mateus.

     Os “Contos” surgem, embora em “cenários” distintos: na Serra, no Mar ou na Cidade, como “exemplos de vida”, onde o Homem se reconhece, por vezes, “ser imperfeito” e somente o conseguirá superar, na alteração de regras e comportamentos, num espírito comummente, altruísta e de dignidade. 

by Quito Arantes

À venda em www.amazon.com

PRISÃO

Almas sempre prisioneiras
Das emoções persistentes...
Nunca encontramos maneiras
De quebrar estas correntes;

Sentimento desconexo...
Corpos sempre dominados...
Não fazem amor, só sexo...
Humanos tão controlados;

domingo, 27 de abril de 2014




Divulgando:


PIRENÓPOLIS (GO)



Acontecerá a 6ª Flipiri (Festival Literário de Pirenópolis)
Entre 30 de abril e 03 de maio de 2014
Programação completa em www.flipiri.com.br

sexta-feira, 25 de abril de 2014

Queria ser reconhecido nas ruas



Se inscreveu em todos os programas de tv que conhecia. Inventou fofocas sobre si mesmo. Tentou plantar notícias. Passou a esperar repórteres no centro da cidade, aqueles que entram ao vivo no jornal da hora do almoço. Pensou até em cometer um crime, quem sabe fizessem um retrato falado. Nada funcionou.
Tudo o que conseguiu foi rejeição.

terça-feira, 22 de abril de 2014

Fim dos dias do vilão


Engana-se quem pensa que, algum dia, ele arrependeu-se.

Morreu sorrindo aquele cínico; Sabia que a mídia, a seu serviço, na terra ou no inferno, o transformaria em herói.

segunda-feira, 21 de abril de 2014

A última gota d'água


Translúcida, Insípida, Inodora
 
Clara,  Limpa
 
Refrescante
 
Água indo embora
 
Descuidadamente
 
Pelo ralo!

Vamos salvá-la

domingo, 20 de abril de 2014

Convidado Luiz Neves de Castro



UM BORDEL EM RIOPARA

Cada uma à sua maneira, toda cidade pequena é outra Macondo. Riopara era outra Macondo onde viviam mulheres incomuns. Sobressaíam sete Marias – oito ao todo – incluindo a proprietária, que compunham o corpo feminino do bordel de Maria Xibiu Seco. O apelido "Xibiu Seco" decorria do fato que, reconhecidamente, a xoxota de Maria era a mais justa, a bainha mais estreita daquela paragem ribeirinha. Mulher de buceta não lúbrica e apertada a tal ponto que parecia sem umidificação quando penetrada. Toda população masculina, incluindo padre Jesuíno, iniciara-se homem na cama entre suas pernas. Conhecia desejos e manhas da alma masculina, doutorada em sexualidade nos prostíbulos da vida, deixou muitos homens endoidecidos pelos prazeres que ela lhes proporcionava. Além da buceta, caracterizava-a fisicamente o fascínio do olhar sedutoramente fêmeo, que lembrava muito o olhar das mulheres afegãs;

Maria Madalena – mais nova das oito, irradiava sensualidade e desejos irrefreáveis, mulher irresistível, fogosa e indomável. Jesus Jatobá, Príapo rioparense, único que a deixava levitando após os ritos eróticos de uma grande noitada. Quando Maria Madalena dançava rebolando sensualmente, Jesus Jatobá costumava dizer: “Essa pequena cortesã é uma tentação obscena, incita-nos a luxúria e a sodomia”;

Maria das Dores – balzaquiana, ensimesmada, sempre resmungona e de mal com a vida, reclamava de tudo. Conseguia simular muito bem o contrário do que aparentava, gostava extremamente do ofício;

Maria Bichana – a mais bela, de gestos mansos, meiga e manhosa; de pele alvinha e sem manchas, mamilos cor-de-rosa, felina selvagem quando estava no coito, tinha o caminhar sigiloso de gata vadia;

Maria do Benin – de sorriso obsceno, negra fagueira com olor de fêmea no cio; de andar bamboleante, irrequieta nos quadris e na alma; muito chegada a um forró e samba-de-roda, encantava a todos rebolando suas belas curvas negras e carnudas;

Maria Maluca – olhar de cachorro doido e alma andrógina, valentia em pessoa, homem que a desrespeitasse apanhava na certa, muito chegada a brigas e devaneios com as outras mulheres;

Maria Frieza – enigmática, tímida e frígida, uma pedra, abstrata, alheamento total na cama, nem mesmo Jesus Jatobá, o falo ereto de Riopara, conseguia lhe dar prazer, por mais diminuto que fosse. Mulher que continha fortalezas dentro de si, alma fugidia, de corpo inalcançável.

Hedonistas inconscientes. Excetuando Maria Frieza, pareciam ter vindo ao mundo para gozar a existência, para o prazer. Nenhuma engravidava, todas infecundas. O hedonismo e infecundidade daquelas mulheres, só eu, cobaia de deus e do diabo, conhecia. E que, por razão misteriosa, pessoal, ou mesmo por birra, não revelarei a ninguém. Coexisto entre vivos e mortos, incorporo-me em todas elas, sou também Maria, Maria..., Maria..., Maria..., Maria..., Maria..., Maria..., Maria. No bordel de Xibiu Seco, sou fêmea de buceta metafísica, lúbrica, lasciva; sou mulher de alma libertina. Estando lá, de tanto tesão, deliro; viro-me do avesso e sou toda vulvar.




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Luiz Neves de Castro

sábado, 19 de abril de 2014

Teatro, Circo e Rock'n Roll

- Vamos para o teatro hoje?
O convite feito por minha mãe não teve uma resposta, mas um som, tipo um zunido que saiu de mim:
- Hmmmm...ãh...errrrrr...
- O quê?
- Você falou com a Lila?
Lila, minha namorada.
- Falei. Ela gostou da ideia.
Fiquei calado. Fortes indícios de que tudo estava se preparando para uma noite no teatro. Qual seria o plano B? O que estaria passando na TV a cabo? E eu nem tinha tomado banho ainda...
- Que horas mesmo, mãe?
- Seis e meia.
- Não mãe, o teatro.
- Ah. As oito. Daqui a pouco. Temos de nos apressar se quisermos pegar um lugar.
Nesta hora Lila entrou na sala, e num ímpeto corajoso de minha parte, perguntei:
- Vamos ao teatro amor?
- Oba! Vamos sim. Vai tomar um banho, já deixei tudo preparado lá para você.
Fui para o banho. Em seguida comemos algo leve, todos juntos, e fomos ao teatro. Chegando lá, uma pequena aglomeração formava-se. Gente variada: jovens, crianças, adultos, terceira idade. Brancos, negros, mestiços, até argentinos. Na espera da fila, enquanto minha mãe e minha namorada conversavam, fiquei um pouco longe, pensando no porquê da minha inútil resistência a esta que é uma das mais belas formas de arte: o teatro. Talvez isto viesse das minhas raízes interioranas, da pouca cultura ao meu redor, da infrequência de espetáculos teatrais. Mas aí me lembrei daquelas pessoas que desde cedo estavam fazendo teatro, e que conheciam teatro, que estavam por dentro de cada peça que havia, e de que estas pessoas também se criaram no mesmíssimo lugar que eu. Não. Eu não tinha desculpa. Tinha que mudar aquilo de uma vez por todas. Numa oportunidade como esta, a de um convite para o teatro, um SIM de imediato e sem titubear - esse seria o meu lema de agora em diante.
E, para acabar de vez com toda aquela minha ridícula pré-resistência, caro leitor, saibam os senhores que o referido espetáculo foi totalmente DE GRAÇA. Levava o nome de Rock’n Roll Circus, o que me empolgou ainda mais – sempre fui um fã de rock, e minha memória na hora buscou aquele concerto feito nos anos 60 com os Rolling Stones que trazia o mesmo nome – é, eu podia ser mesmo um asno para o teatro, mas graças a Deus isto não se proliferava para as demais artes, como a música e o cinema, por exemplo.
Aí, quando me sentei na poltrona e o espetáculo começou... meu coração bateu forte. Me emocionei. Cantei. Vibrei. Não vi aquela uma hora e pouquinho passar... pois estava hipnotizado. Que banda. Que trupe de artistas. Malabaristas, contorcionistas. Pernas de pau. Acrobatas desafiando seus limites. E tudo ao som do mais belo e fino rock’n roll, dirigido de maneira magistral pelo diretor do espetáculo (que também atuava na peça, sendo o elo de ligação entre um ato e outro).

Gente, aqui vai o meu sincero viva ao teatro, e os meus parabéns a todos os envolvidos nesta belíssima forma de arte e cultura.

sexta-feira, 18 de abril de 2014

Bandeira


preguei uma bandeira
na janela,

daquelas
de time de futebol,

tremulando toda hora

faça-chuva,

faça-sol.

mas na bandeira
que preguei
na janela,

não tinha nome
de time de futebol,
nem em sua história
ecoava gritos
de guerra:

ecoava saudade.

porque tinha somente
tua foto
estampada nela.

André Espínola

quinta-feira, 17 de abril de 2014

Uma história louca com um final sem sentido

Cai a noite, e Bartolomeu esmolando cigarros por ai já exausto de tanto vagabundear pelas ruas da cidade de Araripa das Cruzes, pensava em se mandar, mas não tinha um custão no bolso. Então, pensou em trabalhar.
    Por sua sorte não foi tão difícil de encontrar emprego. Caminhando nas ruas de lugar algum Barto avista uma placa em frente a uma velha igreja onde havia uma inscrição indicando "procura-se acendedor de velas", um emprego tão fajuto, mas, era a solução em suas mãos. Não era um trabalho difícil. Em poucos dias de trabalho já teria o suficiente para voltar a sua cidade natal.
    De repente em um súbito surpreendente aparecimento viu ele uma linda mulher, entrando pela grande porta da igreja, mulher na qual lhe despertou saliente desejo carnal. A moça denominava-se Nina, que notando o jovem homem estático e perplexo a olha-la dirigiu-se em sua direção e lhe perguntou se estava interessado na oportunidade de trabalho. Bartolomeu instigado aceitou e começou no mesmo dia.
    Antes mesmo da missa começar na antiga capela na qual deveria trabalhar, acabou por conhecer o padre da igreja que chamava-se José e que deveria pagar pelos seus serviços. Propôs a ele 5 tacos ( Moeda da região) para cada vela acesa e que no final da missa haveria uma ceia entre eles "Servos de Deus". Barto aceitou.
    Terminada a missa e apagada as velas, Bartolomeu se surpreende novamente com a bela moça Nina a sua frente de exuberantes pernas amostra, indicando oral que a ceia estava pronta para ser servida. De repente em um súbito instante momento relâmpago nada impede sua novamente surpresa diante Nina que se aproxima dele e agarra-o pela cintura e pela nuca beijando-o fervorosamente seus lábios, Barto assustado se afasta sem saber o que se passa, logo se anima e torna a beijar a bela mulher de pernas nuas.
    Passa lá alguns minutos, Nina leva-o até o saguão onde ocorre a ceia. Sentado a mesa garfando um pedaço de aipim com galinha, padre José, e um enorme galão de vinho a sua frente ( Bebida favorita de Barto). Não há mais ninguém no local se não os três que agora já estufados se poem a beber sua taças de vinho de quinta, mas tão forte quanto eu nem sei.
    Em meio a goles e Gutis&Gutis o padre sumiu.
    Bartolomeu exaltado no ápice da bebedeira, recostando sua cabeça sobre a mesa, só teve tempo de ver a bela moça que agora de semblante mórbido e febril, lhe empunha uma faca de dois cumes no estomago. Tudo se apaga, Bartolomeu cai por terra sem ao menos ter vencido atoa o que nem perdido ganhou.

quarta-feira, 16 de abril de 2014

Entrevista de emprego

 - Veja, - ele abaixa as calças e caga em cima da mesa - merda. Essa é a merda derivada de alguns risólis, salgadinhos e a cerveja que bebi ontem. Mas não fica por aí, essa bosta é a resposta para a tua pergunta, - veste as calças e senta novamente na cadeira - é a minha reação muito bem colocada, diga-se de passagem, àquela sujeito que me roubou a namorada, com uma verborréia decorada da wikipédia; essa merda também vai para ela, pro cafetão que me expulsou do puteiro, à tia suja do boteco que me chamou de alcoólatra, à revista "alternativa" que não quis meus textos e que publica gente muito pior do que eu, aos filhos da puta que por nada me espancaram na rua, etc.

 Não estou profundamente indignado, acontece que este bostalhão à nossa frente é só a minha reação, como eu disse, nada de mais. Ah, eu pensei melhor e não vou querer esta vaga, eu iria perder muito tempo pra ganhar tão pouco, não nasci pra isso, me desculpe, sou escritor. E este vosso sistema de hierarquias é repugnante, não me admira todas essas demissões e aqueles funcionários com cara de facínoras que encontrei no corredor. Bom, tenho que ir, preciso comprar papel higiênico e tomar um banho.

 Tenha mais sorte com o próximo entrevistado.

segunda-feira, 14 de abril de 2014

Falando de ALDRAVIAS

ALDRAVIAS

Amigos, desde março, tenho a honra de pertencer à Sociedade Brasileira dos Poetas Aldravianistas (SBPA), a convite da Presidente da entidade, a Poeta Andreia Donadon Leal, entre outros grandes amigos da Literatura. A ALDRAVIA é um novo estilo de poesia minimalista que, entre outras características, consiste em: seis versos (uma palavra em cada verso); ausência de título; e valorização do uso da metonímia e da sinédoque, além do uso moderado da metáfora.

Para conhecer mais sobre o estilo e seus poetas, convido-os a visitarem a página do Jornal Aldrava Cultural e da Sociedade Brasileira dos Poetas Aldravianistas:

http://www.jornalaldrava.com.br/pag_sbpa.htm

E eis minha página:
http://www.jornalaldrava.com.br/pag_sbpa_edweine.htm

Apresento, abaixo, algumas aldravias de minha autoria (exercitando, sempre). Espero que gostem. Saudações poéticas. Edweine Loureiro

***

01

fatídicas
trilhas
dos
filhos
da
Síria

02

contradição
é
orar
escondendo
o
pão

03

palhaço,
faço
do
asfalto
meu
palco

sábado, 12 de abril de 2014

O TERÇO

A tristeza é um terço
Ao desfecho da oração
Só me resta ser feliz
E mais nada
Amar sem correspondência
É esquecer-se de si
É desviver na eloquência do silêncio
De quem sabe o que já senti
As estrelas são luzes do que jaz fora belo um dia
Mas agora o sentimento se esvai
Este é você, que jaz amara...mas ainda cultiva
Assim sou eu, que sentia...mas hoje trai
Não corro além do que posso alcançar
Ainda estou detença no mesmo lugar
Você sabe onde me deparar
Guardada...às portas trancadas...parada no ar
Não sei quanto tempo dura a minha espera
Uma tarde...uma vida...uma sesta
O tempo de uma oração
Com o terço da desilusão
Amar sem ser amada
É morrer em ti
Seja senhor das tuas vontades
E mate-me...assim
Terás o brilho de volta
Da estrela que não feneceu
Assim o sorriso aflora
Da flor que renasceu
Morre...você
Vive...eu
Não tive tempo de me resguardar
O período é implacável
Cruzei eras a te campear
Os pensamentos a abrolhar
Mas não se deslembre
Não careço me mostrar
Permanecerei cá...sempre
No mesmo lugar
Só não posso pressagiar
Que sozinha ficarei
Se não sou sua rainha
Como podes ser meu rei?
Um outro me faz sorrir
E o trono é tomado
Pelo bobo da corte daqui
Até o sonho realizado
Bem aventurada sou
Por tudo que aconteceu
Durante uma tarde...uma vida...um triz
Esperei até onde a vida arremeteu
Morre...você
Vive...eu
Ponderei que fosse assim
Amar sem ser amada
Mas, aprendi...enfim
A caminhar em outra estrada
Hoje as estrelas estão vivas
Cadentes vêm a mim
Amanhã o peso alivia
E percorro mais feliz
As lágrimas santificadas
Pelo terço da ilusão
Ilusão sua eu ficar guardada
Pelo tempo que não é vão
Não és rei
Não sou rainha
Não fomos três
Tampouco dois um dia
Sou eu feliz sem ter
Correspondência do que senti
Sou eu feliz por ter
Aprendido com o que vivi
A melhor das orações
Com o terço da felicidade
Só ou acompanhada
Aprendi a rezar pela minha imagem
Sem te almejar
Aproveitando o bobo ou algum plebeu
Sem me desesperar
O tempo irá retribuir tudo que me aconteceu
Morre...você
Vive...eu

Poesia

Tuas pernas
hão de perder-se
entre outras pernas
— tantas pernas.

É preciso
mapear teu corpo
enquanto o tenho
entre meus dedos,

fazer cópias
de tua escultura,

mimeografá-la
com minha própria
língua.

***
mais poemas do autor aqui

sexta-feira, 11 de abril de 2014

A Saga de José

José, um brasileiro.
.
ontem de madrugada uns civis rondaram a entrada. o waguinho é vigiado pelos holofotes, então cê sabe, filmaram tudo. mas isso é o de menos, o pior foi com o tedy. o cabra mal tira as fraldas e já vem questionando todo o esquema. fala demais e sem saber o que diz. Murilo, tô falando isso pra tu porque tu é da família e quero tu que seja a salvaguarda de hoje. faz um 'cala boca' nesse piolho antes que ative sua gentalha. mas ó, sê discreto, não levante poeira porque, em geral, a paulistada é muito birrenta.
.
puta que pariu!!! sabe quanto tempo tô nessa? pra tu tê uma ideia, o paranhos e o escobar eram pentelhos de correr na rua. o vilarosa ainda era casado com a vadia da tua esposa. e o corno no teu pai era sodomizado em guantánamo. e a grande figura, meu, o santana, era executado por uns cem dos nosso.
.
 José sai de férias.
.
então, a branca que tu sacou lá foi da parada do gracindo. sabe o que isso significa? que o gracindo vem atrás de ti. e o pior cara, é que ele vem com três ou quatro montanhas a tiracolo. mas não se preocupe, como a branca tá aqui tamos juntos no rolo. daremos proteção até a fronteira com o suriname. mas, conselho de pai: de lá vai pra guiana francesa. caiena tem um ponto de prostituição. não sei bem onde é, mas é fácil de achar. o bar é pura fachada.
.
perdi contato com aquela menina. desde que o pai morreu e a mãe voltou pra vida não tenho notícias dela. deve tá se consumindo em drogas. nem em becos nem em portos e não sei de lugar pior. deixe que ela apareça, é menos risco que tu corre. tinha dezesseis da última vez. hoje, se ainda vive, tá com vinte e nove e carregada de sífilis, hepatite e aids.

quinta-feira, 10 de abril de 2014

Convidada Talize Cardoso



O disparo de Raul

A ordem primária dos feitos, dos fatos, da farsa e do farsante, é que um pensamento resguardado seja mesmo itinerante. Atropele os relances frágeis, memórias de botecos anteriores, uma década sem amores, assim como Raul e seus concessores.
Raul tinha amigos que insistiam em lhe ceder favores. Cediam-lhe o mais caro ingresso, os vinhos de maior sucesso, cargos nos setor do progresso, mas Raul era um caso ingênuo, um sujeito imerso.
Dalila, sua companheira, era afamada por demasia em bondade, retribuía aos amigos de Raul, os desejos da informalidade. Aconselhei Raul a manter o equilíbrio, aceitar os fatos com maturidade, e num último boteco, lancei com imparcialidade: Raul, você é corno e sofre de ansiedade.



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Talize Cardoso


quarta-feira, 9 de abril de 2014

TRESOITÃO DE NOVE TIROS


Universiotários de festas raves
Estudantes semianalfas
Imbecis de carteirinha
Eles são religiosos
Espúrios obscuros
Não falam nada
Filhos únicos da bisa
Vovós beatas children
Vão se fuder
Religião é uma bosta
Só Jesus condena!
Católicos têm que morrer
Crentes de bíblias em riste fazem jus ao extermínio
Cadáveres insepultos
Múmias paralíticas
Restos mortais ambulantes
O fim do mundo está perto
A humanidade é perversa
É tudo a mesma merda
O que ficou pra trás foi enterrado
Eu alugo um quarto ao lado da Igreja Universal
Prefiro Satanás
Vou explodir
Vai tudo pelos ares
Vou explicar
Quando faço um assalto sou mais honesto que os playbas das igrejas de Deus
Meu torpor é assassino
Sou um Exu Caveira exorcizando
Um fanático intolerante
Um maníaco preconceituoso
Você vai morrer
Acabou
Cristo de cu é rola
Eu matei Deus!
Nietzsche é o caralho
Chora Bebel
Nunca fui fresco e mimado
Gosto de caminhar a esmo
Andando às escuras
Desassossegado
Só na maldade
Vagabundas de sainhas-pede-pica conhecem meu tresoitão
E ele é bonito
Não são seis
Nem sete
Nem oito
São nove tiros que geral vai assumir
Mandei fazer um tresoitão de nove balas
Meu tambor tem nove furos
Sou um justiceiro
Dou tiro na cara
Beatos
Playbas
Piranhas
Católicos
Ricos
Pobres
Todos acabam com a caveira perfurada
Vaticínio infausto
As sombras permanecem
Novelas e cultos religiosos dão no mesmo
Comprei um machado
Vou destruir restaurantes que me obrigam a ver programas de auditório, e construir um liquidificador.
Um liquidificador humano!
Vai ser bíblico!
Corpos vão triturar até virar batida de sangue com carne moída
O néctar dos Deuses
Eu vou beber
Saborear
Isso é sagrado!
Não vou perdoar ninguém
Hipócritas
Conformistas
Mentirosos
E todo o mais vão pro inferno!
Só respeito as rampeiras dos puteiros de beira de estrada
Sempre pago pra bater muito nelas
Sou furioso e barulhento
Bater em puta me purifica
Sou um filme de terror
Sua hora vai chegar!

Pablo Treuffar
Licença Creative Commons

TRESOITÃO DE NOVE TIROS. de Pablo Treuffar é licenciado sob uma Licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivs 3.0 Unported.
Based on a work at www.pablotreuffar.com
A VERDADE É QUE EU MINTO

A VERDADE É QUE EU MINTO