quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Poema canalha

Não quero mais do amor / O enlevar do espírito / Nem da paixão / O falso brilhante... / Muito obrigado! / Já não sou o mesmo que dantes. / Quero aqui, comigo, / Somente essa solidão, tão minha, / Que sentimento igual / Tão puro e virginal / Nenhum outrem me daria... / Quero o silêncio / De uma tarde fria / Tempo para ler, pensar, / Tempo para ser eu / Sem importar a quem seja / Sem me importar com quem seja. / E quando os desejos da carne / Afligirem-me o corpo? / Ora! / Afirmo, nesse poema canalha: / Deixem-me chafurdar /Como um lúbrico porco / Nos imundos lupanares! / Deixem-me da noite / Sorver esses ares... / Deixem me perder por um triz / Nas curvas da dissimulada meretriz / (Amante e ao mesmo tempo atriz...) / Quero pagar com prazer pelo prazer vendido / Pois tem ele muito mais verdade / Que quaisquer desses sentimentos fingidos. / Então, amigo, não sejas tolo, não ames! / Busques antes / O gozo rápido e o orgasmo infame / Pois eles serão mais sinceros / Que uns cínicos e falsos "eu te amo", "eu te quero"... / Quanto às doenças do sexo? Te afianço: / Estas tem eficaz proteção / Em uns poucos centímetros de látex / Muito, muito mais / Que as dores do coração. / E se acaso, por esses males passares, / Mantém a calma; / Afinal, serão eles muito menos penosos, / Que os ditos males da alma...

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