segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Ruídos de um silêncio sobre luzes imaginárias


cacos violeta de um caleidoscópio
ecos, reflexos, cacos
giros violeta de todas as cores

de repente a visão, mas não há imagem
e o que eu supunha indelével
eram apenas pegadas em tempestade de areia
apenas o início do precipício
um lapso negro
do dia mais brilhante
do que eu previra primavera

há momentos em que a estrada escapa-me dos pés
como se engolisse o olhar de aves migratórias fora de seu rumo
em rotas tortas que indeferem sentidos
como o decidir a revoada dos dedos que seguram as asas em silêncio
a calar sobre costas que pesam cem milhões de lembranças

de repente a visão, não a imagem
há momentos assim
impregnados da descoberta da verdade doída da ilusão
de se palpar o irreal
de se enxergar o que não há
mas há
assim

(Celso Mendes)

Um comentário:

Anônimo disse...

Silenciosamente
a mente
trabalha
soma
subtraí
e de repente
para o bem
ou para o mal
tudo se ilumina...


Eu já conhecia o poema, mas é sempre bom relembrar.Amo o que o Celso escreve... Amo!Os poemas dele são para serem degustados devagarinho.

Beijos.