quarta-feira, 2 de maio de 2012

Érebo, três horas da tarde


Esses Páris e Orfeus
não chegam ao fim de nada.

E os que chegam, como Teseu
logo depois se vão embora.

Não sou Helena ou Eurídice
já lhe disse!

Prefiro ser essa Revolta
(deusa brasileira da cor da Caipora).

Faço feitiços, tomo aviões, me desfaço
e se ele não me quiser
digo que me mato, me vingo
morro e renasço.

Assim sou uma dorzinha lá no fundo
que não passa.

Arrume uma Ariadne, uma coitada
tenha os filhos que eu não posso
e mesmo assim não me esqueça
(pro meu antídoto
só eu tenho a doença)

e saiba, não volto
nem que de joelhos
me peça.

2 comentários:

silvioafonso disse...

.


Este é o ritmo que eu gostaria
que dançassem as minhas linhas.

silvioafonso







.

Claudia Lemos Rezende disse...

Putz, poema embriagante que entorpece e nos leva (de mansinho) a ler até o final.

Parabéns por despertar isso no leitor. Esse é um dos grandes segredos do escritor.

Teus versos descem cadenciados, muito bem delineados. E essa mescla de personagens, deuses e heróis fecha com elegancia o poema.

Poesia digna de concurso!
Aplausos
(sem falar da imagem... "Coideloco"rsss

abração, moça!