segunda-feira, 30 de abril de 2012

Convidadas Marcella Barbosa e Helen Andrea

Os melhores dias...
 
Que bom que ainda podemos sorrir em meio às lágrimas de nossas vidas!
Que bom que ainda podemos curtir a companhia e uma boa cerveja,
Sem pensar nos sonhos que esperamos concretizar,
Sem pensar em nossos ideais não priorizados,
Na tristeza que parece que nunca mais vai passar...
O melhor destes dias é que basta somente "aproveitar",
Escutando boa música sem esperar nada acontecer....
Sorrir novamente e fazer valer a pena viver!!!


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Marcella Barbosa e Helen Andrea
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domingo, 29 de abril de 2012

Egocentrismo, vol. I


- Já é seu aniversário novamente?
- É sim.
- Como o tempo passa rápido! Parece que ainda ontem eu era apenas um bebê.

sexta-feira, 27 de abril de 2012

Coisas boas sobre Brasília



Aproveitando o recente aniversário de Brasília, seguem algumas informações curiosas sobre a cidade e seus moradores. Brasília é muito mais que políticos!



1 – Algumas das mais criativas iniciativas literárias e artísticas em geral nasceram em Brasília: Mala do livro, açougue t-bone e Loucos de pedra. O açougue T-Bone, na Asa Norte, promove eventos literários quase todo mês e montou minibibliotecas em pontos de ônibus da própria Asa Norte: a Mala do Livro, criada por uma bibliotecária da cidade, consiste em uma pequena estante fechada que fica na casa de voluntários, e que disponibilizam os volumes para a vizinhança (existem Malas do Livro em algumas estações do metrô também); por fim, o grupo Loucos de Pedra, que fez mosaicos de poesias em um trecho de calçada na quadra 509 Sul, próximo ao Espaço Cultural Renato Russo.

2 - Considerada patrimônio da humanidade pela UNESCO em 1987, com apenas 27 anos de fundação, tendo em vista dois critérios: “representar uma obra-prima do gênio criativo humano” e “ser um exemplo notável de um tipo de edifício ou conjunto arquitetônico, tecnológico ou de paisagem que ilustra fase significativa na história da humanidade” (Fonte: http://whc.unesco.org/en/list/445);

3 - A ponte JK (mais conhecida como terceira ponte) foi considerada pela Sociedade dos Engenheiros do estado da Pensilvânia (EUA), como a mais bela das pontes construídas em 2002.

4 - Alguns dos maiores corredores do Brasil vieram da capital: Joaquim Cruz (campeão olímpico em 1984) é de Taguatinga, onde começou a carreira e viveu até os 18 anos; como ele, Marilson Gomes dos Santos (vencedor da São Silvestre em 2003 e 2005); e a primeira mulher brasileira a vencer a corrida de São Silvestre foi Carmen de Oliveira, de Sobradinho, em 1995.

5 - Kaká nasceu no Gama e o zagueiro Lúcio em Planaltina; o primeiro saiu cedo da cidade, mas Lúcio iniciou a carreira no Distrito Federal, de onde só saiu aos 19 anos.

6 - Alguns dos maiores representantes da música brasileira nasceram e/ou começaram a carreira em Brasília. Alguns exemplos: Ney Matogrosso, Fagner, Oswaldo Montenegro, Zélia Duncan, Cássia Eller, Legião Urbana, Paralamas do Sucesso, Plebe Rude, Raimundos, Natiruts e Câmbio Negro.

7 - Oscar, maior atleta de basquete no Brasil, começou a carreira em Brasília, aos 13 anos, no Clube Unidade Vizinhança.

8 - Dois dos mais conhecidos jornalistas do país criaram-se em Brasília: Ana Paula Padrão e Tadeu Schmidt (irmão de Oscar);

9 - O parque da cidade Sarah Kubitschek é considerado o maior parque urbano do mundo; para comparação, é duas vezes e meia maior que o Ibirapuera, em São Paulo e ainda maior que o Central Park, em Nova York; às margens do lago ali existente, Renato Russo teria composto um dos maiores sucessos da Legião Urbana, “Eduardo e Mônica”, o que motivou a construção de uma escultura em forma de violão no local.

10 - A clássica canção “Água de beber”, de Tom Jobim, foi composta em Brasília. A inspiração foi uma mina de água existente ainda hoje no Museu do Catetinho. Ao indagar a um candango que água era aquela, o homem respondeu: “é água de beber camará”, dando origem ao seu famoso refrão.

11 - O bina foi inventado em Brasília, em 1977, pelo eletrotécnico Nélio Nicolai.

12 - O mastro da bandeira do Brasil, em Brasília, suporta a maior bandeira hasteada permanentemente do mundo. Possui 100 metros de altura e é formado por 24 tubos de aço, visto que 24 era o número de estados (mais o DF) existentes na época da construção – início da década de 70. A bandeira mede o tamanho aproximado de uma quadra de esportes, e é trocada em solenidades mensalmente.

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Pequenos sons de outono

A folha que, já seca, o impulso sente e estala e solta e salta e voa ao vento, de um mês de abril que teima e ainda é quente, se junta às outras folhas no cimento em roda de ciranda, docemente, e brinca, pula, dança, - é sentimento - e faz um quase guizo diferente do grito de ser livre no momento... E o galho que, desnudo, resistiu, agora sem a folha desgarrada, emite ao vento um longo assobio pungente de uma voz desconsolada anunciando o tempo à frente - o frio - seu único parceiro, só, mais nada... (Cesar Veneziani em 17/04/2012)

domingo, 22 de abril de 2012

Baile de máscaras

Nenhum dos dois conseguia se envolver, desenvolver confiança, intimidade, cumplicidade, esses detalhes que sustentam um relacionamento. Sabiam que era coisa de uma noite, uma semana, com sorte, um mês.

No entanto, estavam decididos a tentar, vestir as máscaras e ver até onde a mentira os levaria; E levou longe, até que a morte os separou.









Agenda de lançamentos do livro Colcha de Retalhos:

Londrina
05 de maio de 2012, a partir das 19h
Villa Badú - Batata Suíça & Petiscos - Rua Alagoas, 679
http://on.fb.me/emlondrina

Curitiba
19 de Maio de 2012, das 13h às 18h
Casa di Bel - Alameda Dom Pedro II, 602.
http://on.fb.me/emcuritiba

sábado, 21 de abril de 2012

Tiro no pombo

Era um condomínio de prédios onde Allen morava, no último andar de um deles. Para ser mais preciso, no último bloco, que ficava no extremo do grande terreno fechado, próximo ao muro que o separava do morro.

Seu anti-stress era olhar à janela. Com um binóculo, atentava à movimentação de algumas daquelas pessoas que, vistas à olho nu, pareciam formiguinhas subindo, descendo e se enfiando nos becos.

De joelhos sobre o sofá encostado à parede, debruçava-se sobre o para-peito da janela e, curioso, observava os passos que eram dados por alguns desses transeuntes.

Naquela tarde, sensibilizou-se com a senhorazinha que levava o peso de uma sacola de feira sem a ajuda de ninguém, admirou o trabalhador que voltava do expediente e viu graça nas crianças que brincavam de pique esconde. Preocupou-se, eis que, especialmente, com um rapaz que dobrara uma das esquinas que estavam em seu campo de visão e, agora, subia a rua íngreme. Era de uma torcida organizada. Por algum motivo aquele sujeito lhe chamou a atenção, fosse pela vestimenta, ou a maneira como caminhava cambaleando. Viu-o parar à frente de um bar, onde então se pôs a dançar. Começou a dançar sem motivo para ele e, pelo que pôde perceber, para ninguém mais. Não foi por falta de opções: bem poderia ter ido às lotéricas quitar seu carnê de mercadorias do baú, se benzido ao passar em frente à igreja na rua que dobrou antes, mas não, o que ele fez foi dançar. “Este é interessante”, pensou Allen.

Lançou o binóculo de lado e enfiou a mão no vão entre o sofá e a parede onde havia a criança. Uma relíquia que herdara do avô. Allen jamais soube o modelo ou o ano de fabricação daquela beleza, mas apenas que era silenciosa o suficiente. Enquanto a acomodava, ouviu seu celular tocar. Não podia se concentrar com aquele barulho, de modo que foi atendê-lo.

“Oi Linda, espera só um minutinho aí...”

Voltou com os joelhos ao sofá e rapidamente acomodou-a sobre o ombro, posicionando e localizando-o com maestria. O sujeito continuava a dançar, dificultando um pouco a vida de Allen. De qualquer maneira conseguiu num tiro simples: a bala introjetada na região do cocuruto propagou um rombo de onde emanou um jorro que tomou a forma de um meio círculo no ar à medida que o crânio era lançado pra frente com o nariz por acabar no asfalto. Deu um suspiro, recolheu-se e fechou a janela.

“Oi Linda...” (...) “No próximo final de semana? É claro!”

No mesmo dia Allen receberia a visita de seu cunhado, que também voltava do jogo dominical. Perceberia nos olhos dele algo estranho, o que provavelmente o levou a dizer: “num falei que era zica?”

Allen ficou matutando naquela palavra durante semanas à fio... “zica... zica...” O que seria? Tampouco o dicionário sabia responder.

Allen não bate muito bem das bolas, não tem a capacidade para compreensão.

“Vou precisar de um revólver!”, pensou.

Moldura

                                          Cerâmica Arqueológica


Formas do barro

Com a história da terra pisada,

Das fogueiras acendidas,

Dos espaços albergados.

Cores de significados

Decorando olhares geométricos.

Emoldurados de beleza,

Armazenava-se a água.

Armazenavam-se os grãos.

Armazenava-se o sagrado.

Na forma transformada do barro

Perpetuou-se o corpo e a memória.

A essência e a alma foram quebradas.


foto: Angela Gomes

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Convidado Marcelo Benini

Três estudos para passarinho.
I.
Problema Oblíquo
Tenho um pássaro nas mãos
O que fazer:
Soltá-lo e perdê-lo,
Ou guardá-lo e perdê-lo?

II.
Ao teu lado reparava
Como o beija flor alegra o mundo
Todos os dias, todas as tardes,
No mesmo galho, à mesma hora,
O beija flor.
Hoje reparo
Todos os dias, todas as tardes,
No mesmo galho, à mesma hora,
O beija flor.

III.
Solta um passarinho e voa torto
Mas aprende e acha pouso
Voar é profundeza de passarinho.


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Marcelo Benini nasceu em 1970, em Cataguases, Minas Gerais. Aos quatro anos mudou-se para Brasília, onde reside ainda hoje. Sua estreia como escritor foi em 2010, com o livro de poesia “O Capim Sobre o Coleiro” (Edição do Autor). Seu segundo livro, dessa vez de crônicas, será lançado em 2012 pela editora Intermeios.
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terça-feira, 17 de abril de 2012

Ressaca

essa vontade
de regurgitar
a cachaça de ontem
para alimentar
este bebê-demônio,
em meio ao coletivo
entupido de coletividade
anônima,

vem acompanhado
de uma tremenda
e absoluta

solidão.

André Espínola

sexta-feira, 13 de abril de 2012

O ovo


Sentia que estava sendo cozido.

ELE: Tô com fome.

Ele disse alto, pra ela ouvir.
Abriu a geladeira e pegou um ovo na porta.

ELA: Vai comer agora?
ELE: Vou.

Ele respondeu com uma certa rispidez. Era uma reação. Não tinha certeza, era apenas uma sensação, mas achava que estava sendo cozido.

ELA: A gente precisa conversar.

Ela queria conversar.
Ele sabia o que significava aquilo.

ELE: Li num livro que quando alguém diz que precisa conversar é porque não tem nada mais a ser dito.

O fogo estava aceso. No fogão.

ELA: Eu gosto de você.
ELE: E?

A panela cheia de água estava sobre o queimador do fogão. O ovo, suspenso.

ELE: E?

Repetiu.
Mas o silêncio permaneceu.

ELA: Acho que a gente precisa ficar longe.

Soltou o ovo na panela. Um pouco de água cai fora da panela e atinge o queimador. Quase apaga o fogo que ainda estava aceso.

ELE: Por quê?

Silêncio.

ELA: Não sei. Mas acho que é melhor.
ELE: É muito bom saber que você tem argumentos sólidos.

Ela se irrita. Ele tampa a panela.

ELA: É isso, acho que a gente não tá se entendendo.
ELE: Claro que não, você quer ficar longe de mim e eu quero ficar perto de você. Estamos em um impasse.
ELA: Mas eu só quero ficar longe um pouco. Não é definitivo.

Silêncio.

ELA: A gente só precisa respirar. Precisa de espaço. Pensar.

Ele pode respirar bem, não acha que está apertado e não precisa pensar.

ELE: Tem razão. Como você quiser.

A água ferve. O ovo chacoalha levemente dentro da panela. Estava sendo cozido.


Confissão - Danilo Berardo


É, ela é uma preta safada.
Sim, falando assim sem ser politicamente correto.
Eu pensava nela toda dia.
Aquilo me deixava louco.
Não havia sequer um dia que eu não pensasse nela.

Meus amigos falavam para eu parar com isso, mas não era fácil.
Ela era muito, muito gostosa.
Só de pensar, já dá uma vontade!
Eu sei que eu deveria parar, pelo menos diminuir, mas não era fácil.
Podia encontrar com ela em todos os lugares.
Ela com outras coisas junto, então, hmmm, é uma delícia!

Já li muito sobre parar com isso, mas não consigo, é só encontrar com ela que meu desejo fica atiçado.
Há quem diga que pode continuar, mas que não seja todo dia e eu até concordo, mas é quase um vício.
Eu já pensei em contar para minha esposa sobre isso, mas eu acho que ela também está envolvida com isso, o que torna ainda mais difícil parar.
Até hoje conseguimos esconder das crianças, não sei como vai ser quando elas descobrirem.

Eu falei sobre isso com meu médico e ele disse que deveria parar, mas disse que de vez em quando não seria tão mal.
A mídia não ajuda e nos força a pensar nisso com frequência.
Muitas pessoas gostam dela também, mas nem sempre assumem.
E a maior safadeza dessa preta é que depois dá uma sensação boa de prazer!

Pois é, não é fácil largar essa Coca-Cola!

terça-feira, 10 de abril de 2012

Convidado Germano Gonçalves


O EFEITO DOS CALDOS

Ao final da tarde e começo da noite, esse era o momento em que Antenor costumava chegar à casa do norte, cliente quase que assíduo do restaurante, entrava com seus passos lentos como não querendo incomodar ninguém, procurava um lugar, uma mesa disponível e ali se acomodava, olhava para os cantos a procura de um garçom ou garçonete para fazer seu tradicional pedido, pois o que seu Antenor mais apreciava eram os caldos de diversas iguarias como: O caldo de mocotó, camarão, piranha e o caldo de feijão.
Ali sentado em volta da mesa apreciava todos os caldos um por um, e às vezes repetia um deles e por ali ficava, até chegada a hora em que estava satisfeito e acionava o garçom para que pudesse pagar a conta, e assim era a rotina de seu Antenor junto ao restaurante e casa do norte, saborear seus caldos prediletos.
Antenor vinha sempre sozinho, mas quando de uma tarde chegou acompanhado de uma senhora, Dona Judith, e não ficou somente naquela tarde tornou-se um hábito.
No começo acompanhado com sua senhora ele sempre fazia os pedidos e a mulher foi tomando gosto pelos caldos. E os dias, meses foram se passando, como também passou a vontade de Dona Judith escolher os caldos, que em uma tarde chegando ao restaurante os dois se acomodaram em uma mesa, e logo foi chamada a garçonete para atendê-los, aproximando do casal a garçonete toda educada lhes disse:
- Pois não, no que posso servi-los.
O homem a olhou de cima a baixo, observando-a com um bloco de pedido em uma das mãos e a outra segurando uma caneta, já com o pensamento de que ele pediria um caldo, só restando saber qual, mas educadamente esperando o homem fazer o pedido. Foi quando ele disse:
- Dois caldos de mocotó.
Imediatamente a mulher retrucou, dizendo:
- Eu não quero caldo de mocotó.
O homem abriu os braços e como quem indignado disse:
- Então, qual vai querer. Vai pedi aí já não estou valendo nada mesmo.
A mulher olhando para garçonete disse:
- Eu quero um caldo de camarão. Antes mesmo que a mulher falasse qualquer coisa a mais, seu Antenor já foi dando as ordens.
- Então traga um caldo de mocotó e um de camarão.
A garçonete anotou o pedido, e pedindo licença se retirou.
E ali permaneceram os dois saboreando os caldos e foram mais e mais pedidos e assim era dia após dia.
Já era de costume ver os dois anciões ali saboreando os caldos, e era somente os caldos dificilmente pediam algo diferente.
Quando de um final de tarde, mês de dezembro depois de muitas vinda com a esposa o ano inteiro, lá vem seu Antenor subindo os degraus que vão dar para a entrada do restaurante, chega como sempre, como não se quer nada, mas a garçonete já imagina iria pedir caldo e se aproxima. O homem faz o pedido de costume, mas um fato chama a atenção da garçonete; ele esta sozinho.
A garçonete fica a pensar: “Logo nessa época, mês de natal ele só”, mas anota o pedido e vai providenciá-lo, após alguns momentos depois de apreciar seus tradicionais caldos o homem chama a garçonete e lhe pede a conta.
Antenor se levanta e dirigi ao caixa, quando a garçonete se aproxima e lhe faz uma pergunta.
- E sua patroa não veio hoje?
Antenor segurando a nota e o dinheiro na mão, com uma feição seria responde:
- Eu a matei!
A garçonete repentinamente imaginando que as palavras do homem eram irônicas disse:
- O senhor a matou, porque fez isso?
E sem pestanejar o homem responde:
- Mulher, enche o saco da gente, só atrapalha eu a matei.
A garçonete fica sem ação e assunto, deixando o homem que vai até o caixa e faz o devido pagamento do que consumiu, assim que ele fez o pagamento e dirigia-se a saída, a garçonete lhe faz mais uma pergunta, por se tratar de mês de natal, confraternização, festa e tudo o mais pergunta:
- E o natal? O senhor vai viajar ou vai permanecer por aqui, onde vai passar o natal?
Mais uma vez sem titubear o home responde:
- Na cadeia, só estou esperando eles virem me buscar, eu não vou lá.
E assim seu Antenor saiu deixando uma pergunta no ar e a garçonete a pensar.



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Germano Gonçalves
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segunda-feira, 9 de abril de 2012

O ESTRESSADINHO DO PUTEIRO


O ESTRESSADINHO DO PUTEIRO

Adoro o submundo carioca
Gosto da escória, do lixo.
Putas
Drogas
Inferninhos
Cafetões
Traficas
Casas de swing
Orgias
Perversões
O resto que só a sarjeta compassiva das pessoas pode nutrir
O pior da humanidade
Bandidos travestidos com fardos azuis de extorsão são meu cotidiano
Ontem fui à Erótica, um puteirinho da Prado Júnior.
Fui buscar nas fontes vagabundas o pó que mereço
Os especialistas na entrega não prestaram o serviço nasal
Malditos moto-taxistas que dormem cedo
Esses caras acham que vou cheirar no trabalho, na hora do almoço?
Cocaína não é maconha
Ninguém se programa pra dar um tequinho
Sacanagem!
Quando entrei na Erótica, fui beijado por uma vadia deliciosa.
Meu habitat natural
Nos puteiros as mulheres dão mole pra mim
Não faço questão de comê-las
Gosto de beijá-las na boca
Usar um pouquinho cada uma, ficar de sacanagem.
Puta é melhor instigando
Profissionais das relações sexuais não gostam de foder
Meretrizes são funcionárias públicas do sexo
Sempre digo pra esses tipos:

- Vocês estão na profissão errada, prostituta tem de gostar de piroca.

Quando quero meter, pago mais de uma por vez, a concorrência melhora o desempenho delas.
Putas competindo trepam melhor
E daí
Nada me faz parar de usá-las
Foda-se
Ontem eu queria cheirar
Sentei-me à mesa, as piranhas vieram.
Deixei claro: a princípio, queria pó.
Demorou
Uma ruiva vendeu alguns
Rapidamente estava com meus papelotes
Cocaína ruim
Faz parte
Levantei e fui ao banheiro dar um teco
Cheirei um papel inteiro
Voltei aos beijos putanhescos
A vadia que me vendeu sumiu
Pelo grau de impureza do pó, eu precisaria dela.
Depois de alguns belengos e muitas preliminares, meu pó acabou.
Comecei a discutir com as piranhas
Ouvi de uma:

- Você não gosta de boceta, você só gosta de cheirar.

Ela tem razão
Eu não gosto de boceta
Eu gosto é de mulher
Se a boceta não viesse acompanhada de pernas, peito, bunda e um rostinho pra beijar, eu não saberia o que fazer.
Mandei-a tomar no cu
Várias vadias vieram me bolinar
De novo
Outra vez
Briguei com todas
Eu só queria a ruiva do belengo, a putinha do pó.
Não consegui
Fiquei puto, debatendo com as putas.
Uma vagabunda começou a me chamar de estressadinho do puteiro
Depois da puta da filha me chamar pela bilionésima vez de estressadinho do puteiro, paguei-a pra chupar.
Já no meu carro mandei-a mamar na marcha
Ela veio tirando meu pau pra fora
Falei:

– Não, sua burra, é pra chupar a marcha do carro.

Ela riu
Eu disse:

- Não ri não, chupa a marcha olhando eu bater punheta.

Ela começou a chupar
Mandei colocar tudo na boca
Ela colocou rindo
Quando o câmbio tava todo na boquinha vadia, perguntei:

- Tá batendo na garganta, putinha?

Ela fez que sim
Essa sabia ganhar dinheiro
Dei uma cotovelada com toda força em sua cabeça
O sangue escorreu da sua boca pra marcha e daí para o chão
Ela não morreu na hora
Olhando-a de pau duro na mão, falei:

- Quem é o estressadinho do puteiro agora?

No dia seguinte sua foto foi capa do Jornal O Povo
A manchete: “MAMOU, NÃO DEU, MORREU!”
Não fui preso
Eu sou o gueto


Pablo Treuffar
Licença Creative Commons
O ESTRESSADINHO DO PUTEIRO de Pablo Treuffar é licenciado sob uma Licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivs 3.0 Unported.
Based on a work at http://www.pablotreuffar.com/.
A VERDADE É QUE EU MINTO

A VERDADE É QUE EU MINTO

sexta-feira, 6 de abril de 2012

Reclamação

          "Ajude-me, Pai!" - clamou ao firmamento, face contrita, fronte rugosa, o decrépito pedófilo, ao ouvir a sentença gutural e irrecorrivelmente capital do ancião de maneiras afetadas, refinada e negra estampa, cabalmente acompanhada pelos implacáveis golpes do bem-talhado macete.
          Renovou a súplica, com lacrimosa veemência, do alto do patíbulo, alheio às gargalhadas zombeteiras da multidão ensandecida, azafamada e aflita pelo desfecho mórbido do espetáculo burlesco. Nem a constrição nem o desconfortável prurido produzido pela corda cercearam o movimento de seus olhos rumo aos altos céus.
          Os pais reafirmaram aos filhos a plena realização da Justiça Divina. Citadino não houve, dentre os que presenciaram a macabra atração, que considerasse a concomitância entre a reiterada deprecação do condenado, a alada e longínqua defecação do abutre, a milimétrica e fétida precisão da carga excretória e a fatal abertura do alçapão, apenas uma coincidência. Ao cair da noite, recolheram-se todos. Rezaram. Adormeceram. Sonharam lindos sonhos brilhantes.
           O velho, sob o cadafalso, permaneceu alguns dias. Suspenso, balouçante, andrajoso, putridamente nauseabundo. Depois, vieram os abutres.
          
Carlos Cruz - 17/03/2009


quinta-feira, 5 de abril de 2012

Implicâncias de Aniversário




Num apelo publicitário ela me disse

“eu já tinha Trezentos anos  quando

O desembarque  esparramou teus

Pertences- tudo  vermelho sangue-

um radinho de pilha e um coração

perdulário , e , embora mangue, te

portavas  como ilha”



Disse e deu as costas. Como boa

futriqueira lança intriga contando

que eu arque com as respostas.

Um  espírito aborrecido de tanto

desperdiçar argumento lubrifica a

cervical com os lúcidos unguentos

e rompe a couraça



Lida a figura que não desaba, ela

Implica na primeira vitrine “menos

torta e mais bem vestida- a quem

mal examine- mas quem sabe eu

ache no ultraje de Segunda mão

uma ou outra fibra corrompida. “



Reteso-me e relaxo  conforme a

vontade estica e distrai qualquer

músculo delator, mas é o olhar,

sempre o olhar, que complica. É

indutor de barbárie e escracho. 

Reflexo da selvageria  ,  sei que

ela vai  rasgar o verbo quando

principia:



“Duas décadas de  desterro e o

 Mesmo bode expiatório tenta

apagar no berro o fogo de meus

altares. Teu silêncio é uma chama

líquida que vai lograr-te a forma

nítida em labaredas crepusculares.

Crês que, melhor contorno e mui

versada no jogo dos contrários,

elevam-te à classe  vertebrada?

Só Garantistes vaga de adorno

em meus ossários. Inda és uma

colônia de bactérias a empestear

estas calçadas. Mais um círculo

e acabo  com a pose de virtude

aviltada. Vais descascar embuste

feito cobra e saber-te outro cão

a correr atrás do rabo, o que tens

feito  todo o tempo desde que a

nódoa roxa dos teus passos me

macula. Pra descompasso teu 

meu ciclo se regula.  O futuro é

uma  mancha alvejada.”



E eu, balzaquiana sem fetiches

por cruzes, Somei  às trinta e três

quimeras mais uma presepada e

ri  o riso acre dos despertos, até

agora, que a chama lambe o

Silêncio parindo luzes, e posso

falar a língua que em nenhuma

das esferas  pode  jamais ser

 deturpada :  





O passado é todo presente. Desato o laço

quando me aflige o prenúncio de algum

fracasso,  e o conteúdo do pacote exige

que eu seja livre. O exílio  foi voluntário,

e vim sozinha, procurar o que nunca tive,

calejada em desprezo e boicote. De ti não

esperei nada. Não tome por crueldade a

postura construída em esgares de ruptura

e em  ruminar de fome, como não julguei

particular ser acossada em teus círculos.

Nunca tive pretensão de criarmos vínculos

seculares, todavia, recusar ser holocausto

para teus fregueses é meu direito  vigente.

Microcosmo muitas vezes sitiado por coisas

menores, é como organismo que me ergo,

reorganizo e formas inúteis desencorporo.

 Escolho salientar o contorno permeável e

permito a distinção. Sim, é soberbo meu  

coração sem  posses, e assim o elaboro,

contraponto ao acúmulo de vazio, tantas

vezes Teu vazio, ao meu entorno. Se cheguei

manchada da terra  e o que tinha na mochila,

nada disso me denigre. O provei em meu

sustento,  e nunca recebi um pila pelo qual

não tenha lutado feito um tigre.  Desde o

principio aguento destituíres meus  méritos

e  colheres para  ti o fruto de meu trabalho,

e nem intento que ofenda o meu estar de pé,

porém,  replico se me agrides teimando que

eu seja a gata modorrenta no borralho. Sinto

o gosto e os miasmas do suor, posso medir 

o quanto valho a silhueta e não abdico. Este

caso nunca teve solução,  eu não poderia ser

filha sem antes servir de pascigo,  e não verto

um pingo de remorso pelo cordão que mastigo.  

Deixa-me seguir com a vida que o ponteiro gira.

E nota o pronome. Talvez quando inquirida sobre

o rito final eu diga teu nome . Ou seja, desfruto

da parte que aspira e sonha e a outra, um dia, o

teu chão come.

terça-feira, 3 de abril de 2012

ruinas

ruínas


destruíram o belo

e ainda sobraram escombros

é o tempo de repouso

para os exaustos por tentar

desse silêncio que fere e isola

trago imagens de tentativas

sólidas e venenosas

há um canto escuro

onde a luz não toca

mas os olhos enxergam

com uma exatidão doente

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Ultimato

Vem cá benzinho,
para de pensar se sua amada merece.

Ou dá ou desce!

As deusas não se negam
aos seres humanos.

Não vai gastar de usar
e mil podem aproveitar,
antes que caia o pano.

Escuta bem
e decide:

Ou te dou,
ou me dano...

domingo, 1 de abril de 2012

A verdade da vida



nessa longura que é a vida
a verdade
    é só o vislumbre de uma ilusão
    é só uma ilusão da certeza
    é a certeza da mudança.
se aprendemos, é isso:
    as verdades são variáveis
    as variáveis tem muitos lados
    todos os lados tem motivos.

O único motivo que importa é o amor
o amor é indestrutível, invariável e incerto
É injusto e incalculável.

A verdade é o amor.