sábado, 30 de outubro de 2010

Convidado Djalma Pinheiro

O amor de um Poeta

Quando o Poeta ama,

Ele ama intensamente,

Ama com o seu intimo,

Ama com o seu ego, em flor

Sai de seus versos,

Longas e lindas palavras,

Saem de seus olhos

Lindos lampejos de amor,

Saem de sua boca,

O mais melado dos beijos,

Saem de seu coração,

Expelidas pela boca,

A mais linda declaração

Eu te amo....

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Publicado no: www.djalmapinheiro.recantodasletras.com.br

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Reticências

em cada ponto reticente
de repente
fico tonto
e o não dito
acredito
fala alto o tempo todo

são 3 pontos
e eu me escondo
na entrelinha
que entretinha
a vida tosca

foi na mosca:
disse mais quando não disse...

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Caixa de música


Nos raros momentos de lucidez, chorava pelos cantos, percebendo-se condenada

No entanto, quando permanecia presa ao passado, alegrava-se e comovia-se, repetindo as mesmas histórias de sempre

Girando ao redor de seus caminhos e devaneios, tornava-se bailarina, refém de sua própria caixinha de memórias


quinta-feira, 21 de outubro de 2010

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Convidado Ricardo Kelmer

LIBERDADE É NÃO ESTAR NA MODA

Liberdade é uma calça velha, azul e desbotada… Começava assim a musiquinha. Uma turma de jovens cabeludos e felizes esperando o trem na plataforma. Jeans desbotados, mochilas e o frescor da liberdade em seus semblantes. Era um filminho comercial do jeans US Top, de 1975, que fez muito sucesso, tanto o filme como o jeans. Fez tanto sucesso que a frase virou bordão e até hoje a geração daquela época se emociona quando canta a musiquinha.

Era o governo do general Geisel. As correntes da repressão da ditadura militar já se afrouxavam e o Brasil, ufa, começava a respirar ares mais democráticos. A palavra liberdade tava na moda. Liberdade de pensar e de falar. Liberdade de votar. E, é claro, de vestir. O comercial foi uma grande sacação, o jingle ganhou prêmio e muita gente vestia jeans US Top porque isso era um símbolo de liberdade.

Eu? Putz, eu era mais um menino louco pra ter um US Top. E assistia ao comercial sonhando em embarcar no trem com aquela patota divertida. Mas não era um jeans dos mais baratos e só pude ter o meu anos depois, quando até o termo liberdade já havia desbotado. Com o andamento da abertura política, a liberdade perdera o apelo publicitário que antes possuía e os comerciais passaram a seduzir o público com outra ideia: a de que ser feliz é ter muito, cada vez mais. E assim estamos até hoje, que beleza, tendo tudo que não precisamos pra ser feliz.

E a liberdade, que foi feito dela? Minha velha US Top da minha adolescência que me perdoe mas liberdade não é e nunca foi uma calça velha, azul e desbotada, que você pode usar do jeito que quiser, não usa quem não quer. Pra começo de história, eu não usava não porque não quisesse mas porque simplesmente não podia. Então, pela lógica da publicidade, eu não poderia ser livre pois não tinha grana pra pagar por um jeans. Se alguém precisa estar na moda pra ser livre, que liberdade é essa?

Infinitas noções de liberdade existem, eu sei. Pra um adolescente, é voltar da balada à hora que quiser. Pra outra pessoa, é ganhar seu próprio dinheiro. Pra um presidiário, ser livre é tão-somente não estar numa cela. Tudo isso é liberdade, sim, mas depois de muitas calças aprendi que a maior das liberdades é esta, é sermos quem verdadeiramente somos – e não quem a sociedade ou a moda quer que sejamos. E que a pior prisão que existe é justamente a ignorância de si próprio, que nos faz escravos dos quereres alheios.

Somente a essência do que somos pode nos libertar. Seguir a moda jamais nos conduzirá a ela, apenas nos levará junto com outros, feito uma boiada, durante o tempo que durar a moda, quando então teremos que seguir outra moda e assim por diante. Quem realmente somos nós por trás dos modismos que adotamos? O que há de permanente em nós por trás do transitório da fachada? A moda não poderá responder a essas perguntas, e nem mesmo você, enquanto a estiver seguindo. Aliás, a moda nem quer que você pense nisso. Ela quer apenas que você a siga – e pode pagar em até dez vezes.

Liberdade é sermos quem realmente somos em nossa essência mais legítima. É uma velha ideia, azul e desbotada. Mas que nunca vai estar na moda. Ainda bem.


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blogdokelmer.wordpress.com

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Sexo sem complexo.

Sexo sem complexo.

Deixa de lado o preconceito, quero sexo,
seu ar de lobo, fera e riso no sal da carne
a aprofundar garras e dentes as claras.

Vem que abocanho sua tara
e tudo o que restar será começo
até que perplexo você peça mais farra.

No horizonte do seu corpo serei língua
qualquer íngua sem dor a incomodar,
sedução intempestiva, calor a provocar.

Não finja não gostar da febre que tenho entre as pernas,
louca tortura e vontade de gozar
no demente aconchego de quem sabe se dar.

Rasga minha pele com ternuras,
copula dentro das entranhas sem vergonha
a tingir de alegria minha encenação de meretriz.

E se ainda assim for pouco devora-me,
quero seu sexo no meu a incendiar,
prazer a toda hora, enquanto a alma aguentar.


Eliane Alcântara.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Evisceração

Espere pela volta das borboletas na poeira do tempo
Espere por aquele olhar a se projetar entre estilhaços de angústia
Espere pela nuvem de gafanhotos-devoradores-de-horizonte
Mas não vá, fique um pouco mais, ainda há muito o que esperar
E não me deixe plantado neste inferno cor-de-rosa sem um porquê

Eu bem que queria lhe dizer que a lágrima não se mostra
Por puro orgulho
Eu bem queria lhe mostrar
Esta jugular que pulsa no aguardo de uma nova mordida
O que se esconde neste brilho que já não há
E revelar aonde a lua se ocultou e dormem as estrelas

Fique um pouco mais
Só um pouco mais
Sinta o som do mar
Sinta o som
O som do mar
E o som
Do Sol
E o Sol
No mar
Fique um pouco mais

Queime comigo nossas verdades douradas e as mentiras azuis
Não minta mais para o azul
Ou para o vermelho
Espalhe algumas verdades transparentes sobre a mesa
Diga para mim desta ferida
Daquela esperança forjada em frases insolúveis
Do impossível e do improvável que já vivemos
Que eu prometo
Que eu lhe juro
Pela divina providência dos semideuses
Estancar este corte que vaza minhas vísceras
E partir

(Celso Mendes)

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Troféu Surreal

Esmurrei um padre pegando sua idolatrada cestinha transbosdando de fé verde, vandalizei o quadro vermelho do ditador gigolô com anarquia preta, também destruí os cabos transmissores daquela emissora televisiva e ainda arranquei umas máscaras sangrantes rindo copiosamente.

Au, Au, ou... ou! Chutei a poltrona, manquei feio. Onomatopéias...

O arame farpado prendeu e rasgou um idiota que insistia em babar fezes enquanto resmungava ferido e amedrontado no quintal. Eu não tenho pena, não tenho mesmo. Que se exploda meu cinismo e sujeira moral, assumo mesmo: te desci a porrada!

Te amarrei para assistir sua desgraça, solei em meu baixo elétrico chorando e gritando desesperadamente e duas cordas grossas de metal arrebentaram cortando seu rosto.

Scarrf! Escarrei uma goma grossa e visceral que te encapuzou nessa podreira toda. Cuspi, sim senhor e foi fodido, você quase se sufocou no meu catarro.

Bati palmas e gargalhei do teu medo, pois te odeio, é puro sadismo meu. Pausa para meu riso! Eu quero rir, cacete! Ha, ha, he, he. Satisfeito!

Posso falar mais alto? Posso sim! Nenhum babaca vai me impedir, não podem te ouvir gritar! Eu tenho o megafone e seus ouvidos vão estourar com minha histeria!

Pingue, escorra nesse show desgraçado onde gerarei insanidade com tanta vodka na idéia, vou colocar a culpa nessa cachaça. Tá eu sei que não é cachaça, trepe com o gargalo!

Eu mato e torturo mesmo, eu te torturei e matarei mesmo na insônia voraz que me prostitui nessa merda fedida. Qual é a tua? Diz pra mim!

Só na minha cabeça você existe. Pare de chorar, é o fim!

Engulo risonho a chave para minha fuga, fico trêmulo com minha confissão amassada na mão, então rasgo o chão para longe do meu rastro rubro. Eles chegarão para nos recolher, não se preocupe. Você não foi escondido, sua cabeça está nessa mão. Já finquei teu corpo como troféu no portão de casa. Enrolei eles por meia hora dando prejuízo no fone deles. Agora eles querem me exibir e já estou devidamente trajado para isso.


- Mensageiro Obscuro.
Setembro/2010.


Foto: "Bloody Trophy", troféu feito de sangue humano e sangue animal por Thyra Hilden e Diaz.
Portal da artista: Thyra Hilden

sábado, 9 de outubro de 2010

NÃO VAI DOER NADA

Arte: Anthony Falbo

NÃO VAI DOER NADA

Adoro dentistas
Ao contrário
De quatro
Eu empurrando a janta deles pra dentro
Sou o vingador na sala de espera
Odontologia é o meu caralho na bunda deles
Masoquistas sem sangue
Dentistas deitam-te na cadeira
Olham-te de cima pra baixo
Mandam abrir a boca
Balançam sua bochecha como se fosse carne morta
Aplicam-te uma injeção maior que a piroca do Kid Bengala
Olham seus olhos e rindo dizem
Não vai doer
Na boca deles não vai
Com certeza
Na sua dói pacaraio
Enfim
Enfiam um suga baba na tua boca
Exploram-na com aparelhos de metal
Pontiagudos
Gelados
Picam a sua gengiva com o agulhão do jumento comedor de traveco
Futucam daqui
Futucam de lá
Dói aqui
Dói acolá
Humilhação suprema
Domínio total do Dr. Mau
E você ali parado
Deitado
Entregue
Piada
O dentista é o piadista
Todos são
Sodomizadores rentáveis
Ganham dinheiro
O nosso dinheiro
Pagamos caro por isso
Quando um cara pensa:
“Vou ser dentista”
Na verdade tá pensando:
“Vou botar pra fuder com os meus instrumentos de tortura”
Ninguém que trabalha com o bafo alheio pode ser normal
Dentistas Opressores Poliatômicos Sanguinários
Todo mundo sabe
No DOPS eram todos dentistas
É
O dentista é um fingidor
Finge tão completamente
Que chega a fingir NÃO dor
A dor do seu paciente
Fernando Pessoa Ruim
Vou versar
Dentistas não perdem por esperar
A hora deles vai chegar
Rubem me ensinou a matar
Fonseca a cobrar
Vou exterminar todos os dentistas antes de Deus os levar
Não vai doer nada
Não em mim

Licença Creative Commons
Based on a work at http://www.pablotreuffar.com/.
A VERDADE É QUE EU MINTO

A VERDADE É QUE EU MINTO

domingo, 3 de outubro de 2010

a flor do ópio























os pés-de-boi
ou patas-de-vaca
que importa?
têm flores desenhadas
belas e cheirosas

mas em encostas abissais
a flor do ópio
que induz ao pulo
ao infinito de sensações
ergue-se em resistência
quase frágil
sob os olhos do leste
sob a ânsia e a cólera
só existe pelo fato
doutro querer-lhe
a essência vertiginosa

que importa?

a flor do ópio
impera soberana
a visagem humana.


(imagem de minha autoria)

sábado, 2 de outubro de 2010

O lançamento do livro BAR DO ESCRITOR - Edição Brand

Na grande São Paulo, aconteceu no dia 11 de setembro, na Biblioteca São Paulo, onde antes era o Carandiru.

Flá Perez


Cesar Veneziane


Claire

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

sobre o dia...

"tem dia que não sei se é de dia
ou é à noite que não sei que dia é
tô na minha sem sabê
se é dia ou é noite
que não sei o que é que é"