sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Série: O DF não é só Brasília - Museu Vivo da Memória Candanga



Quem sai de Brasília em direção a Valparaíso de Goiás já deve ter reparado: a beira da rodovia, pouco depois do Parkshopping e um pouco antes do Núcleo Bandeirante, descortina-se sobre um morro um conjunto de casinhas coloridas de madeira.
As tais casinhas margeiam a estrada desde 1957, quando ali foi construído o primeiro hospital de Brasília, erguido para atender os candangos que construíam a capital.
O prédio amarelo, o maior, era o hospital propriamente dito. As demais construções serviam como residência de médicos e demais funcionários. Interessante notar que as casas que possuíam duas portas, na verdade, abrigavam duas residências, utilizadas por funcionários casados. As casas que possuíam apenas uma porta era usadas pelos solteiros.
Após a inauguração de Brasília, o lugar foi rebaixado a posto de saúde, e, na década de 70, abandonado. No entanto, alguns funcionários permaneceram morando algum tempo no local.
Ocorre que tradicional sanha imobiliária de Brasília passou a abrir os olhos para aquela área. A cultura e a preservação venceram através do esforço de antigos funcionários e dos moradores da região, que se mobilizaram para preservar o local; os ex-moradores foram remanejados para outros pontos do DF e o antigo HJKO transformou-se no Museu vivo da Memória Candanga (MVMC). É hoje o maior complexo de construções da época da construção mantidas de pé.
O Catetinho certamente é mais famoso, por ter servido de residência para JK. No entanto, trata-se de apenas uma edificação, ao contrário do complexo do MVMC.
No antigo prédio do hospital, encontra-se uma biblioteca, uma maquete atualizada de Brasília e a exposição permanente “Poeira, Lona e Concreto”, com ambientes simulados de quarto de hotel, salão de barbeiros, com materiais da época da construção. Em algumas das antigas residências funcionam hoje oficinas culturais de cerâmica, etc.

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

IMPURO



tua embriaguez

serve para matar a ressaca

.

da minha verve

sedenta por versos

.

com vícios

de linguagem

.

em um paradoxo

que me embriaga

e me deixa sóbria


IMGAGEM: Franz von Stuck (1863 - 1928) pintor, escultor e arquitecto alemão identificado com o simbolismo e o “art nouveau”.


segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Conivência e Cumplicidade

Sobre a poltrona inertes, as vestes; quietas, não largadas; mas sobrepostas cuidadosamente, aguardam. No chão os calçados são como se rissem uma felicidade desordenada, cada qual, em separado de seu par.Um vento suave gelando a pele suada, antes quente.As paredes refletindo cores quentes, o toque suave de sol que se depõe e aos poucos desvanecerá perdendo os tons alaranjados. O som de água sendo movida se faz ouvir alternada de risos e gargalhadas, os olhares brincam, as mãos descobrem, as mentes passeiam... Tudo ali é conivência e cumplicidade, harmonia e alegria, assim cessados os ruídos, as gargalhadas aumentam... logo pelo espaço duas crianças surgem correndo com a toalha na mão enquanto atrás, a mulher desesperada tenta detê-los. Pois para alivio dela a hora do banho acabara em fim.
.
Poesia e Parceria
(Catiaho Alcântara & Diogo Viana)
.
.

Ato de Ouvir



Assimilar subsídios.
Acumular elementos .
Perceber nuances
diversificadas,
disfarçadadas,
escondidas.


Ouvir é mais que um ato.
Mais que o aparelho auditivo.
Muito mais que a soma de
palavras
ao ar,
ao vagar,
ao escutar.
Ouvir é não
pronunciar.
Nem mesmo proferir
Muito menos vociferar
é calar,
se postar,
se elevar.



Ouvir é aquietar o coração.
Estar pronto pra sentir.
Para deixar-se embalar
pronto
disposto,
pré disposto,
totalmente exposto...


Em fim...
Ouvir é simplesmente
pela voz do outro
deixar -se
embalar!
.
Catiaho Alcantara TA

domingo, 22 de fevereiro de 2009

Sufocada

Presa naquela relação, rotina de brigas e discussões, começou a sentir-se sufocada. Não tinha voz e, por mais que resistisse, acabou sem ação.

Ironicamente, ela adorava sentir o cheiro dele naquele travesseiro.

sábado, 21 de fevereiro de 2009

Muda

Com açúcar, mas
Sem palavras.
Foi a última partitura rasgada.
As notas soltas, descompensadas,
Ignoram com passos quebrados
O equilibrado ritmo.
Bemóis, sustenidos, harpejos?
Nada, nenhum solfejo.

Algumas claves inértes no asfalto,
Um beija-flor devorado por um gato,
O mimetismo de um lagarto.
O útero crepuscular do tempo
Enchendo-se de estrelas
Num canto mudo.

Hippies of Cyber

Era véspera de natal.

Uma sexta-feira insana. No telão, cenas de um filme esquisito.

Uma garrafa de catuaba divido em três pessoas, algumas latinhas de cerveja, talvez quatro, e uns fortes goles em uma bebida ardente, acho que era vodka. Isso foi o necessário para prestar bastante atenção em um telão que, sincronizado com o som pesado, nos dava medo e delírio!

Entendam-me...

Saí de casa sabendo que a lua estava cheia. No céu, dava sinais de que proporcionaria-nos momentos únicos. O misticismo pairava!
O Sábio me aguardando com uma garrafa de catuaba na mão e falando alguma coisa com alguém no celular, pessoas vizinhas aprontando-se para a noite com seus carros estacionados, alguns vagabundos jogados na rua e um menino inocente pedindo alguns trocados para um bêbado no boteco afim de comprar qualquer coisa. Isso era o começo da sexta-feira noite na São Paulo afastada. Claro, nada comparado com as noites em Frisco ou Denver, mas ainda sim, bela por sua melancolia natural. Daria um bom retrato. Como percebi que o velho no bar nem os olhos conseguia abrir, do bolso tirei alguns trocados e dei para o menino que me agradeceu, olhei para a lua uma última vez e sai rumo à liberdade!

No ônibus com destino ao centro elitizado, onde a festa tomaria cor, aniquilamos a garrafa inteira em poucos minutos de viagem. Agora já estávamos em três, o Rodrigo já havia entrado no ônibus em algum dos pontos anteriores. O som dos fones de ouvido faziam o espírito elevar-se. Pessoas ao redor notavam nossa inlúcida loucura. Andávamos em sinergia, loucos pela vida! Três alguéns que buscam extrair tudo o que a metafísica vida nos oferece de mais intenso, desde as mais simplórias coisas até aquelas que chamamos de pecado. Intensidade é pouco para classificar-nos nesse dia! Ocupávamos o fundão do veículo, naqueles assentos últimos que formam uma fileira completa de cadeiras, eu sentava na janela direita ouvindo a transcendencia em música atravez do fone, enquanto os outros dois tratavam de planear aquela noite, davam-me a entender que mirabolizavam, conseguia ouvir as risadas dementes saindo daquele outro lado. A luz da lua vinha de encontro em seus rostos através da janela, faziam deles grandes guardiões templários pelo retrato místico que formavam. O Rodrigo com seu boné e as enormes levas de cabelo saindo por volta dele, parecia um maníaco iluminado gargalhando. O Sábio olhou pra mim e riu maquiavélicamente...

No bar de uma esquina, decidimos tomar umas cervejas antes de entrar. Cada um com uma lata enquanto andávamos na rua luminosa da avenida Paulista devidamente decorada pelas datas comemorativas à seguir, como todo ano. Luzes flamejantes lembravam o nascimento de Jesus, enormes arranha-céus enfeitados padronizavam aquilo que já estamos acostumados, pessoas andando pra lá e pra cá com pressa, vestidas formalmente para reuniões à portas fechadas. Alguns vagabundos com fome pedindo esmola do outro lado da rua cinzenta e esvoaçante. O centro!

Lá dentro, já estava normalmente alto. O telão chamava atenção por suas cores. O som no começo era progressivo.
Tratei de pegar mais cervejas enquanto os dois admiravam débilmente tentando entender a 'decór fluor'* àquele som fino. Peguei três latas, vorazmente extintas dentro de poucos instantes. Dançavamos e encontrávamos alguns amigos que também celebravam libertos. O Sábio tratou de pegar mais algumas latas, também em poucos minutos, nem mais uma gota. Mais tarde, o som já era outro, sessão descarrego! Algo que lembrava um maracatú, porém, não era necessário ninguém usar seus instrumentos para fazer o barulho, a tecnologia fazia tudo. Virou bagunça. Pesado e psicodélico, Disfunction o nome do projeto, fez todo mundo pular e dançar, todos celebrando estarem vivos e paralelos à qualquer preceito normativo de uma sociedade sistemática. Ali éramos todos um! Um grupo de "loucos" em busca da real inteligência humana. Abraços eram trocados. O guardião iluminado descarregava suas energias bem no centro da pista, todos notavam seu espírito, seu colar no pescoço sacolejava a cada movimento de seu corpo em sincronia com o som. Talvez umas duzentas batidas por minuto, e seu corpo as acompanhava em completa naturalidade, seus olhos estavam fechados... O Sábio permanecia estático, com um copo de vodka nas mãos, peguei aquele copo de sua mão e fui para outro ambiênte, subi as escadas e golava vez por outra aquela bebida forte. Lá em cima, hipnotizei... Descarregava as energias como alguém que à tempos não fazia. Sentia todas aquelas vibrações pulsantes de minha melancólica vida, jorrando-se para fora ao infinito desconhecido mundo de confusões, as duzentas batidas por minuto eram poucas para mim, meu corpo inteiro se mechia, perdi o controle, tudo o que fazia era pensar, enquanto meu corpo movia-se por si só, fiquei à mercê 'daquilo'!
Ah, o telão...


Decór fluor = Decoração fosforescente. Utilizadas geralmente em festas trance, psicodélica.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Urgente.


Urgente.

Já não há tempo para esperas toma o meu corpo,
este sim as suas vontades, clima erótico.
Aumenta o desejo com beijos molhados
e deixa os cabelos escorregarem para grudar ao suor.
Beija suave ombros, nuca, pescoço, seios...
Devasta minhas fantasias com toques,
descubra o gosto do meu gozo antes do seu
e prosseguirei excitada ao seu olhar.
Chama-me os nomes todos e sorria,
sua morderei os lábios em resposta (os meus e os seus).
Retoma carinhos e gozarei outra vez
a espera de que mais assanhado diga que é meu dono
e vasculhe intenções quietas de uma fêmea alucinada.
Devora-me fita e laço, eis o embrulho ao seu alcance.
Exausto sem ceder ao cansaço envolva-me pulsação
e já sem tempo para avisar gema seu prazer,
prêmio aos múltiplos gozos de minha fome,
loucura que é amá-lo deus dos meus desvarios
_ urgência n' alma.

Eliane Alcântara.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

para um amigo

Tenho alguns amigos,
amigos meus;

Declamam poesias
arrancam suspiros
movimentos instintos
o álcool corrosivo
transpirando
o corpo úmido
colado em contato
um beijo entrecortado
palavras que se perdem
não soam, ressoam
produzindo outros lugares
outros sentidos

Um novo sotaque
uma nova dicção
ao meu tão encarecido
único (conhecido) favorito
poeta, Drummond.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Quarto de dormir



hoje

as paredes
eu pintei com teu cheiro
e no colchão
eu pus o teu gosto,

para senti-los no entorpecimento
de mais uma madrugada.

os sons da noite
que vinham de fora
usavam tua voz,

e os sons que em mim
vinham de dentro
recorriam à tua voz.

por fim
os teus olhos eu pus na lua,

e, acordada a noite inteira,
saudoso,
tu me viste dormir.




André Espínola

aethereu



Leve,
tão leve,

que se teu sorriso
me soprar

é possível
que me leve...


(Jessiely Soares)



Imagem de: Marlon Francisco

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Círculo de Fogo

(Sonia Cancine)



Abrasa-me aforismos insanos
Em agravo e erupções vulcânicas
Ah! Guerreiro, serena tua indiferença
Dos ditos danos, do que julga cabal
Da veracidade inquieto-atraída

Atraída pela onda desconhecida, difícil e perigosa
De mente e peito aberto, rumo ao desconhecido
Tento me encontrar, na tua crença e distanciamento.

Pelas vibrações de notas sensuais, desperto e
Possuída pelo amor, abro o círculo de fogo.

A força da terra pulsa a ira dos deuses
É o toque que domina a dor que te inflige

- ateio fogo em tuas mãos sem queimá-las,
invoco o mover das pedras e, neste desalinho
me toma em teus braços incandescentes -

O caminho do fogo é estonteante e
Na luz da ilusão da força bruta, a destruição.
No véu da noite: espectros, penumbra e medo.

Ofusco feito pássaro de luz o oponente
No holocausto arquétipo de tua alma
Ante o fogo que cai do céu num ritual de anistia e
Tua índole debaixo do sol desta adversidade

Tem a ver com tua condição rescindida em ti mesmo?

domingo, 15 de fevereiro de 2009

Esfinge







.
.
.


Sou esfinge marcada pela própria dor,


ofereci a chave de entrada para o princípio de minha lucidez


mas você recusou,


Atordoada...


Atropelo as palavras tornando-me um hieróglifo incompreensível


E arrastada pela sua negação


vou ao ponto mais obscuro da minha condição de deusa


E estrangulo -me.


.


(Ro Primo)

sábado, 14 de fevereiro de 2009

Nau


quando em mim ousas

me invento ventania



iço velas

nau às vagas



cais em mim

Buceta Caso eterno


Pelas ruas de Paris ela falava sem para com um e com outra: "BOnjour Coment allez vous?...
em resposta oovia sempre:
Ça va! Mademoiselle!
E olhar que era muito rua em Paris pra ela andar; mais olhar que ela nem estava pensando nisso sua cabeça estava perdida num turbilhão de ideias a cerca do amor da novela da oito que ela assitia ou simplesmente amar-se a si prpria mais olhar como el tinha medo do espirito do santo sepulco.
era queria apenas viver da arte viver do l'amour.
mais o Brasil não aceita isso o presidente da nação mandar pra fora do pais como exilado quem faz isso e foi isso que aconteceu com luisa garota modelo de uma grande revista nacional ; luisa que agora viver exilada em paris na França por ter feito amo no museu nacional; agora em pari tendo que aos poucos esqueçe a lingua de sau partia mãe gentil, tendo que pouco a pouco se encanta com o françês até esquece o brasil por completo.
mais o brasil estar no sangue de luisa que este barsil que vez por outra aperece na midia. agora então com esse caso de Cessari bastiti envolvendo brasil e itália onde os itáliano tem como humilhação aceita ondes do brasil pais inferior.
acabou por deixar luisa muito exporta até que um grupo de artista encontararm luisa na rua de um cabaré e dizem nos somos artistas do vinho et vous?
ela diz: Je M'appelle Luisa. sou do brasil e estou com medo do que possar acontece no jogo do brasil com a itália possar ser que aja algum assassinato neste jogo poda ser que Anacaran sue primo podia causa não se sabia em que fosse descontara a raiva se no seu pai brasileiro ou na sua mãe italiana não sabia se ficava com a bota ou com assa da borboleta.
mais deixa isso pra lá Anacaran ouvir sempre o que seu tio Marcos prefeito de alguma cidade santarritense da paraiba falava era loucura mais niguem sabia ate agora qual era a nacionalidade deste marcos se era brasiliero ou italiano.
mais o jogo veio e enquanto tocava em algum maisons cafe em paris she (tous les visages de l'amour) de charles azanavour docemente na vitrola; entrava em campo brasil e italia em algum campo de london onde o frio fazia fumaça de canhamo sair da boca do jogadores no campo.
anacaram pintava um quadro dentro do estadio bem proximo ao campo perto de onde dunga os reservas e a comunicação tecnica da seleção ficava.
Anacaram estava bem a avontade gostava do cachimbo de Canhamo que existia em London
ouvindo bem a vontade charles aznaour e o pintando dentro do campo com cores das bandeiras do brasil e da itália.
O jogo nem se realizou pois quando Buffon e dunga entravam em campo Anacaram jogava dois pinceis ao mesmo tempo um foi na cabeça de dunga e outro no coração de buffon que morreram quase ao mesmo tempo.
como foi triste aquele dia que nem com suas lindas musicas milton nascimento nem edith piaf conseguiram anima-la naquela pavarosa noite de fevereiro; luisa so sorriu um pouco quando ouvir il faust savoir- de charles azanavour musica propria para ser ouvir ao recebe a noticia do assassinato de Dunga e buffon.
No mais corrupção falta de sexo na minha cidade.
Obrigado por me lerem amigos desconhecidos.
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quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Inspiração pré-nupcial

Você
Razão do meu sim.
Anjo cego, poeta
Djinn.

Contigo
Sem pensar eu pulo sim.
Ponte velha, tapete
Trampolim.

Nós dois
Feito giz eu pinto em mim.
Pós beijo, minha boca
Carmesim.

Essa vida
Com você até o fim.
Ou qualquer outra
Não necessariamente
Assim.

---------------
Me fez sair
do capulho,
só eu sabia.

Caminhamos
deitados
em tardes
vazias

Eu,
me entregando
á umas garras
de cetim

Ele,
me testando
com umas balas
de festim

Descobrindo
tantos pontos
entremeando
conjunções

Só eu sabia
naquela viagem
seria ele
o meu fim de estiagem.

--------------

O vi
transparente,
lembrança de água

Era o encontro
do fio de cabelo
no palheiro
Os braços
abertos e olhos
sozinhos

Um querer
até onde o mundo
acaba, ou começa

A ânsia
tê-lo bem perto
vontade, desejo

Um amor
núbil e recém
A eterna procura
findada

Um amor
pra dizer
amém.


Allanna Rocha Menezes

Série Mulheres - Anita*



o sorriso malicioso prenunciava o fim. como se padre Amaro e Anita num fuso de histórias se encarnasse nela. predileta entre os de mais idade e consciente de seu poder de sedução, levava a vida na galeria de suas fantasias. ninfeta, rara espécie de menina, fingia a mim um discreto orgasmo enquanto em público... uma batida de maracujá nunca mais foi uma batida de maracujá.














*nome fictício pra preservar a identidade
foto: Scarlett Johansson

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Identidade

. . . . . . r
. . . . . or
. . . . .ior
. . . .rior
. . .erior
. . terior
. nterior
Anterior
Nenhuma Das Anteriores

Fraude de 24 horas

Nenhuma Das Próximas
Próxima
Próxim
Próxi
Próx
Pró
Pr
P

o problema da inconstância
são os intervalos
onde se perde
a memória
a vontade
a graça
o sossego
o aconchego
não sobra nenhuma conchinha...

DESEJO

.
Oh carne de mulher
Fonte inesgotável
De prazeres orbitantes
Doce sublimação
Ternura louca
Argila ideal dos encantos meus
Ser inspirador de um poeta
Lúcido, eternamente profano
Vida minha doce vida
Loucura do meu ego egoísta
Desejo eterno
De um amor transcendental
Mulher tu és tudo, tudo!
Após o prazer...
Não somos nada
.
.
Josue Ramiro Ramalho

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

convidado Tchello d’Barros

moda
me dá
medo

mede
o meu
modo

muda
o meu
mundo
...................................


amor
não
se
computa
................................



há fogo
em teu
afago
....................................



posso ir
te
possuir
?
....................................


o poeta
tinha o poema
na ponta da língua
e
na ponta da língua
tinha a musa
o poeta



--
www.tchello.art.br


segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

As Aventuras de Um Folião Fracassado

Peço perdão pelas apressadas linhas, mas os primeiros acordes das marchinhas carnavalescas já chegam a minha sala e tenho pouco tempo para buscar o meu exílio voluntário. Sou um folião fracassado, confesso. Não consigo me imaginar no meio da Banda de Ipanema, vestido de árabe ou pirata, latinha de cerveja em uma das mãos, cantando “alalaô ôôô ôôô/mas que calor ôôô ôôô”. Tal atitude estaria fora do compasso da personalidade quase monástica deste que escreve. Já estou até providenciando os DVDs que assistirei nos quatro dias (quatro?) de retiro cinematográfico enquanto a folia come solta Brasil afora. Traumas de infância, talvez Freud ou um menos conceituado terapeuta explique.

Tenho uma certa fobia de me fantasiar desde o dia em que minha mãe me vestiu de palhaço para uma apresentação na festa de encerramento do Jardim de Infância. Tente se imaginar com cinco anos de idade dentro de uma roupa de Clown, guizos por todos os lados, peruca improvisada com uma meia feminina e cabelinhos de lã, cara lambuzada de maquiagem pesada, um calor sufocante de começo de verão, tendo o pobre infante que dançar, dar cambalhotas e, o pior da tragicomédia, não estar com a mínima vontade de participar do evento. Imaginaram? Querem mais uns minutos para montar a cena em suas mentes? Certamente já decifraram o porquê da minha verdadeira aversão a fantasias.

Voltando a festa momesca, meu pai costumava me levar todo sábado de carnaval a um baile infantil no clube próximo a casa onde morávamos. Com trajes civis, em meio a odaliscas, piratas, fantasmas e baianas mirins, ia eu meio sem graça, peixe fora d’água, tentar me divertir até que em um carnaval, um garoto maior desentendeu-se comigo (impossível lembrar o motivo da contenda) e me deu um empurrão mais forte do que aqueles utilizados pelos empurradores da carros alegóricos. Fui aterrissar debaixo de uma mesa, sob as pernas de sei lá quem, joelho lanhado, cotovelo roxo e a certeza de que não era talhado para os dias gordos de folia. Ao menos carrego o orgulho de contar que já briguei em um baile de carnaval, sempre procurando ocultar que se tratava de uma inocente matinê.

Por conta deste incidente, fiquei longe dos bailes até o momento em que eles começaram a ser transmitidos pelos canais de televisão, época que coincidiu com o advento da minha adolescência e a ebulição de hormônios. Nos anos oitenta pêra quase impossível para o meninos espinhentos verem um corpo nu e o carnaval era a oportunidade de ao menos apreciar as cabrochas semi-despidas e super-rebolativas (como as coisas mudaram!). Passava os quatro dias de folia em claro testemunhado as bacanais orquestradas. Anos mais tarde descobri que os organizadores de certos bailes contratavam meninas e casais mais desinibidos para se exibirem diante das câmeras, reduzindo assim a orgia a um espaço mínimo do salão, enquanto o resto da festa transcorria numa civilidade possível para a ocasião.

Então vieram as Escolas de Samba. Decorava sambas-enredo, pesquisava a fundo os enredos a serem apresentados e varava duas madrugadas assistindo aquela ópera em linha reta passar pela minha TV. Nunca estive na Marquês de Sapucaí, só a venda dos ingressos e suas filas colossais, serpenteantes, me desanimava à aventura. E desfilar então. Nem pensar! O fantasma do palhaço ainda me assombrava.

E as Escolas de Samba cansaram – quem vê uma, vê todas, já dizia o turista japonês que abandona seu lugar na arquibancada do Sambódromo após a passagem da segunda agremiação – e hoje fico longe desta loucura necessária, válvula de escape do brasileiro, que ao menos durante quatro dias pode ser um Rei, uma princesa, um destaque na avenida, dar seu sangue pela escola, manchando em vermelho o couro do surdo, sem deixar o ritmo cair. São heróis. Viva essa gente! Viva o bravo povo Brasileiro! E que todos aqueles que amam o carnaval brinque em paz estes dias gordos e que retornem sãos e salvos aos seus lares para tudo recomeçar na quarta-feira.

Alguém tem uma dica de filme imperdível para este folião fracassado?

domingo, 8 de fevereiro de 2009

RESGATE



Esta cidade que pertence aos carros,
será possível amá-la ainda, amá-la
como quem ama a um filho que se desviou,
a uma querida irmã extraviada?

Minha cidade mãe desnorteada,
que parece ter perdido o seu sudeste:
que pólo magnético é este,
que a faz tão atraente
para tanta gente?

Minha querida desorientada!

Minha cidade norte e oriente,
que bandeirantes tão intimidados
não te reconquistamos,
não tomamos posse,
não vimos desbravar-te?

Minha cidade enchente;
vêm de toda parte
os que te entopem as veias,
que te invadem
sem te amar
os que te bebem,
te devoram,
que destroem tua arte,
os que te exaurem, jurando
não poder suportar-te
nem mais um dia: precisam
fugir de ti, minha amada.

E vão-se, os bárbaros, a cada
pequena oportunidade.

Escoam-se pelas estradas,
estrangulam-nas,
mas temporariamente partem,
os não-amantes da cidade.

É quando quem te ama,
teus filhos e imigrantes,
pode reencontrar-te
como antes:
tuas lânguidas ruas,
teus bosques suaves,
teus prédios antigos,
tua maravilhosa nova arquitetura.

E assim te sei, Cidade,
ainda a mãe mais pura

apesar de tudo que te invade.

sábado, 7 de fevereiro de 2009

Enxame





.
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Deus deve gostar muito de mim.
Mas muito mesmo.
Amigos à beça. Pessoas loucas em volta.
Alegria e tristeza na exata medida. Às vezes invertida e do avesso.
Vai saber o que bebeu o velho Deuzinho na noite anterior.

Meus demônios agora já eram, exorcizados em sessão de descarrego depois dum
Domingo Maior que exibia um qualquer filme do Chuck Norris.
Coisa boba, e eu achando que era problema demais.
Simplicidade agora é lei em meu reino. Instituída em forma de decreto, redigida na palma da mão dos mendigos. Meus amigos mais sinceros. Me pedem e oferecem cigarros sempre que tem.

Amor, eu não quero mais te abandonar.
Mas o amor não existe.
Você o tem ou o procura.
Eu fui achado.

Amor.

O resto são fezes.
Merda. Excremento.
Tolice, mundinho pequeno abarrotado de fichários verdes
amarrados com cordinhas em processos e mais processos

me acusa
eu nego sempre ... sou mesmo inocente

Singelo desejo, enorme entrega.
Tolice
Me sinto o melhor homem do lado de cá dessa rua.
Nada de especial, e ao mesmo tempo poderia morrer agora. Feliz.

Me abraça filho da puta.
Não quer !!!
Vai a merda.

Me beija na boca.
Não quer !!!
Vai a puta que pariu.

Isso, digo desde já, não é poema, é outra coisa. É o que quiser, é o que for.
Isso não é poesia. Poesia fala sobre pôr do sol, coisinhas bonitas.
Todas vírgulas bem postas.
Isso não é nada. Erros de português e horríveis parágrafos
Pára logo de ler. Vai se foder.
Tô mandando você, leitorzinho de merda, se foder.
E pouco me importa.

Não quero afagos, quero murros e socos no estômago.
Chega de frescura e bom caratismo falso, bla bla bla, conversa de buteco

Ou é pra ser ou já era

Pra mim é
de coração aberto, peito inflado, cabelo cortado e morte adiada

Nunca mais morrer em vida
Isso é expurgo. Mandar tomar no cu.
Vontade de brigar sacou. E não é por grilo. É por vontade, força.
É porque sei que te arrebento de porrada. Te encho a cara de soco
E daí ...

Acha que é pouco ?
Você não sabe de nada. Acha que você é mal ?
Você não sabe o que é ser mal.
Vai que nem eu né.
Que se dane. Quer brigar, quer fazer roleta russa no sinaleiro ?
Vai a puta que pariu.

Você sabe do que eu to falando. Nunca mais. Mais nunca mais mesmo. Sacou ?
Vai à merda, vai dar o cu. Lamber sabão.

Mundinho pequeno
pena nos encontrarmos

Eu sempre perdido
mas de você não quero mais saber...
.

de Robisson Sete

SEMENTE



Só mente
Quando dizes
Que amou-me
Como nunca.
Ou , quem sabe,
Amou-me
Sim.


A semente que não plantei ,
Parece que germinou ao contrário,
E foi assim...
Quase um relicário
Que adormeceu
No teu útero.
O filho que não tivemos
Ainda nascerá.
Posso até sentir
A sua presença,
Quando vem meu cansaço
Sobre a crença,
De que fiz o certo
Me afastando de tí.



Hoje sei que errei,
Mas afirmo:
Nunca menti,
Quando disse
Que te amava
Com a força que me restava,
E com a qual
Eu buscava
Pretéritas
Soluções.
E te amo, ainda.
E pouco posso fazer,
Pois
A semente
Que é semente,
Recusa-se
A morrer.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Quando eu morri . . .

Edson Rufo

Eu juro que não vi mais nada.
Somente uma luz que clareou, passei pelo tempo
Senti medo. Mas algo me abraçou, uma energia forte.
Eu só pensei aonde esta você? (ela)
Você não poderia estar ao lado mesmo porque já havia partido e eu estava lá somente por você não estar.
Não sei deu para entender, mas quando estava só, senti ainda mais o vazio e procurava por você.
Fui muito longe acompanhado de várias mãos, seguras e sorridentes olhos que brilhavam e me acalmavam.
Alguém me disse: Quem você procura não esta aqui, esta lá em baixo.
Tenha calma, pois você é nosso Mestre é nossa luz é com você que aprendemos e é com você que conseguimos aliviar a dor de outras pessoas
Eu juro não entendi nada. Pareciam horas, dias, meses e eram simplesmente segundos.
Alguém então me disse: Mestre olhe para baixo.
Eu olhei e o que consegui ver foi a mim mesmo tentando sobreviver.
Alguém então disse:
_ Não se esforce, tenha calma você vai voltar.
Queremos somente, Mestre que entenda que alguns sentimentos nos fazem fracassar.
Veja ao seu lado quanta luz que brilha, quanta energia flutua.
Alguém me disse: _ Mestre por mais que ela seja sua, somente ela um dia vai se conscientizar.
Seu coração parou por emoção, tristeza, decepção, desilusão, mas Mestre a solidão é companheira dos nossos dias e por mais que você a entenda assombra.
Quando meu coração parou, eu não senti mais nada, eu só me vi voando disparado ao infinito e pensei: _ Como farei agora para ela entender o amor que tenho.
Algo me abraçou e me confortou foi quando consegui me sentar junto a milhares de pessoas. Muitas delas conhecidas e triste pelo que acontecia
Todas atentas esperando eu falar. Eu respirei abri meus braços e perguntei:
_ Por que deixamos o vento passar? Não respondam.
Essa é uma resposta que eu tenho mais é ela quem vai ter que entender e responder
Pode demorar uma eternidade mais esse é o enigma das nossas vidas que não se cruzam somente por cruzar.
Eu queria dizer a vocês que quando eu vinha para cá ouvindo a sirene alta tocando parecia uma sinfonia, e eu consegui ver a vida em segundos, entendi que agora meu coração que parava era um coração que amava de verdade.
Talvez a hora que eu tiver que voltar e fazê-lo funcionar eu não sei quanto tempo da vida isso levar. Mas eu vou tentar e tentarei.
Agradeço por me receberem e me desculpem o desespero eu não conseguia entender o que estava acontecendo.
Eu sei que morri e agora sei que vou voltar.
Morri por alguns minutos para saber que tudo sempre foi verdadeiro.
Quando olho para baixo e vejo todas aquelas pessoas chorando me corta o coração principalmente por saber que ela não está lá e que todos sabem, por que estou aqui.
Alguém se levantou entre todos e disse:
_ Permita-me falar, Mestre.
Eu sorri.
_ A vida é designada e o senhor sabe por que ela esta na sua vida e sabe por que vai voltar.
O Senhor que as pessoas são materialistas e controladoras e vão te desafiar.
Sabemos da tua força sabemos que iluminado e com certeza você a fará entender de uma forma ou de outra.
Respondi: _ Sim eu sei que posso ajudá-la e ela sabe muito bem disso e posso dizer-lhe que meu sentimento aqui é outro e lá também, sei que ela precisa de mim. Mas se temos que seguir o curso da vida talvez ela tenha que sofrer até entender a unicidade das almas e das energias.
Eu preciso, ou melhor, tenho que voltar àquelas pessoas lá não precisa sofrer nesse momento.
Minha vinda é longa e rápida, mas de uma valia enorme. Somente por saber que todos estavam me esperando, fico feliz e digo que estou desapegado dos sentimentos ruins a ela.
Talvez eu não quisesse mais voltar sei que preciso e vou, mas quero falar algo.
_ A alma ama com o corpo, a vida nos faz chorar, deparamos com pessoas que precisam de nossos conselhos e ajuda.
Alguém que chamamos de alma gêmea, aparece só não sabe que veio pra ficar, por um desespero desconhecido comete erros que nos fazem desesperar.
Não precisamos de ódio, raiva, sentimentos que ferem a nossa alma pura. Não eu disse por dizer que alguém caiu do céu feito uma estrela e que veio para brilhar.
Talvez ela nunca saiba disso e muito menos do laço que temos. Ela talvez ouça palavras que se façam distanciar, mas acreditem que somente o tempo que para nos é nada a fará voltar, por que ela sabe quem eu sou.
Amigos de luz de carinho de amor preciso voltar.
Nesse momento eu abri meus braços senti o vento forte. Voltei a respirar.
Uma voz feminina negra sorridente dizia calma esta tudo bem, você esta aqui.
Eu havia retornado e comecei a chorar feito desesperado, essa negra me perguntou se estava me sentido mal.
Olhei para ela e disse: _ Obrigado por você estar aqui, sei que é sua função, mas também entenda foi sua missão me receber de volta.
Fechei meus olhos e adormeci, naquele lugar frio.
Edson Rufo/final de 2008

A Faixa de Gaze



Alvejada, mas não perfurada. Atingida, mas não lesionada. Explodida, mas não estilhaçada. Transtornada, dilacerada, enlouquecida, a filha de Allah - o clemente, o misericordioso - empenhava-se em atar os pedaços do pequeno Ahmed, recolher ao causticado ventre exposto as vísceras esparramadas, unir aquilo que o míssil enviado pelos filhos de YaHVeH - o clemente, o misericordioso - havia desagregado, esperança desesperada e insana de genetriz. Por fim, desmoronada, vencida, a mulher lançou de si a rubra atadura, que revoluteou, antes de imergir no profundo, revolto mar de fogo, lágrimas, sangue. Não longe dali, uma sinagoga, um rabino lê a Torah.

Carlos Cruz - 29/01/2009

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Adiamento

Eu espero o amanhã
Hoje não, hoje há medo
espreitando-me a alma
Hoje o trivial, a rotina.
Amanhã o extraordinário,
a vida que vale a pena.

Hoje a carne flácida
caída no lençol sujo
não merece a glória
da experiência plena
desse amor ideal
ou desse poder criador
dando-me asas
para alcançar a essência
do que é matéria inerte
e forma aparente.

Hoje não. Hoje o chôro
contido como um segredo
pois essa vida medíocre
é simples e previsível
mas também mete medo,
que é o medo do nada
além de dia após dia
viver um dia após outro
esvaindo-me aos poucos
numa resignada agonia.

Amanhã, amanhã quem sabe
eu seja diferente.
Hoje eu sou a minúscula
e insignificante partícula
da grande massa
na qual posso sumir
sem precisar pensar.
Na qual posso me esgotar
até o esquecimento
da liberdade de sonhar,
da maldição de querer
o que não posso me dar.

Hoje é melhor morrer
sem precisar me matar.
Morrer assim, calada
sufocada no buraco
do meu próprio não-ser
ouvindo-me respirar.


Iriene Borges

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Beleza mórbida

Reveste a luz
em lúcida quietude

Beleza mórbida

Dança que enlaça
a forma decifrada
de um ponto imóvel
que não apreendo

Pairando sob a retina
da lembrança
como pinceladas
de indefinidas cores

Avenidas cheias
Asfalto molhado
Luzes, cidade
Vidros cerrados

Calor incendeia o ponto imóvel onde se movem a música, a palavra
e o silêncio do poema pronto sem beijo no destinatário

Pesquisa Científica: as diferentes espécies do "Homo orkutiano"

Analphabetus de pai-Mãesis.
Esta espécie não consegue escrever uma única frase sem cometer pelo menos 10 atentados à língua portuguesa. Durante algum tempo foi combatido pelos demais membros da comunidade, mas anda meio raro topar com algum pelas pradarias.No geral é ignorado pela maioria pois ensiná-lo a escrever é missão quase impossível, além do que, com a nova regra gramatical, há uma baita confusão que faz com muita gente se sinta um A.P.M...
Dibotucus raivosus.
Esta espécie costuma marcar e perseguir implacavelmente outros membros da comunidade. Não comenta mais nada em tópico nenhum ficando apenas de tocaia aguardando a manifestação de sua vítima.Quando encontra algum comentário do seu perseguido imediatamente escreve outro contrário ou ironizando...
Leitorus ocultus.
Esta espécie acessa todos os dias e lê todos os tópicos recentes mas nunca comenta nada. Devido à sua grande discrição não é muito conhecido e não se sabe se não escreve por timidez ou simplesmente por preguiça...
Argumentadorus sensatus.
Esta espécie é conhecida por sua inteligência e pelos comentários sempre equilibrados e bem articulados. Sabe falar e ouvir a opinião dos outros.É uma espécie raríssima e acredita-se que esteja em extinção...
Irônicus engraçadinhus.
Esta espécie gosta de fazer sempre comentários curtos e irônicos com senso de humor refinado. Provoca a simpatia de uns e a ira de outros. Obviamente não está nem aí nem para uns nem para outros, e ainda têm o bônus de ser engraçado. ..
Corneterus assumidus “mal-humoradus”.
Esta espécie é encontrada em abundância tanto nas comunidades como no meio radialista e televisivo. Sua principal satisfação é reclamar de tudo e de todos.Se é verde reclama porque não é branco e se é branco reclama porque não é verde. Os C.a´s reais possuem bom domínio da técnica e são dados ao culto do soneto, desprezando os versos livres, o dedalismo e as prosas bukowskianas

Baba-Ovus inveteratis.
Esta espécie era pouco encontrada mas atualmente tem crescido em número e atividade. Ao contrário do Corneterus assumidus acha que tudo sempre está muito bem. É um tipo alegre e pacato mas se encontra um comentário que contraria sua ilusão reage com fúria incontrolável. É facilmente identificado por deixar um rastro açucarado por onde passa....
Loucus por comunidadis.
Esta espécie vive criando comunidades novas e convidando outros membros sem sucesso. É facilmente confundido com os membros da espécie Analphabetus de Pai-Mãesis...
Ligadaçus nasnovas.
Esta espécie passa o dia ligado na web e acompanha fofocas tanto na tv como no rádio além de frequentar todos os sites de notícias conhecidos da Internet. Seu objetivo é ser o primeiro a postar uma notícia nova.

Homos enciclopédius
Esta espécie caracteriza-se pelo domínio tanto das leis da escrita quanto do bom senso. É visto em geral dando bons pitacos para os iniciantes, apontando as falhas textuais, promovendo debates interessantes e citando de cabeça (possui uma alergia grave e congênita ao wikipedismo) grandes obras e autores. É uma subdivisão do Argumentadorus Sensatus, do qual é primo-irmão.

Moderadorus execradus
É uma espécie hour-concour e mutante: transmutado de sua espécie original em um Moderadorus, atua com afinco em sua nova missão, sobrevivendo geralmente até a primeira grande confusão devido à questões salomônicas envolvidas (ao se meter entre os antagonistas acaba por ser criticado por ambos os lados. Se toma alguma atitude, é ditador; se não faz nada, é um banana). No geral tem vida curta, transmutando de volta em sua espécie original e mandando tudo à p.q.p. (poultha-quewou-parrwill).

Escrevedoris evolutivus
Esta espécie caracteriza-se por um início via de regra meio tosco, postando textos de qualidade duvidosa. Como sabe ouvir as críticas e reagir bem à elas, geralmente começa evoluir a partir do 13º. tomate (um número cabalístico no reino da tomatada) deixando para trás o cognome de E.E. podendo vir a se tornar um Argumentadorus Sensatus, um Homos enciclopédius ou até um Irônicus engraçadinhus. É o raio de esperança da humanidade, a luz do fim do túnel que não é a locomotiva, o perpetuar da raça humana, a... Ah, vocês entenderam.
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Esta pesquisa científica ainda se encontra em andamento. Se você identificar uma espécie nova sua contribuição para a ciência será muito bem vinda. O texto original também não é meu, encontrei-o na web, achei-o parecido com o andar da carruagem e fiz algumas pequenas mudanças...

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

O VASO

ou estava ruim de mira
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Foi mais que um vaso que se partiu na enorme queda da janela à calçada, de fora, sorte do carteiro que desviou, levaria uns oito pontos, fora a dor de cabeça de semanas, os estilhaços fuzilaram as pequenas formigas, tidas como pestes, desmembrando as mais graúdas e dilacerando as pequenininhas. A cor azul da porcelana se banhou com sangue artrópode. Eu sempre quis ser formiga, menos quando chove. Acontece que o tal vaso, que não é chinês, porra nenhuma, se acha... nem a pau... o tal vaso era pra rachar a cabeça do condenado, mas ele se esquivou... filho da puta... fazer o quê, azar das formigas.
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conto faz parte do livro: Amar, só se for armado... (livraria cultura)

É preciso parar !

Dizem que quando acontece alguma fatalidade em nossa vida, devemos prosseguir e que a vida continua..., mas não é bem assim, A VIDA PÁRA !
E pára para que possamos sentir e viver todo o sofrimento necessário, reavaliar nossos valores, olhar para os pedaços que quebraram dentro de nós e descobrir alguma maneira de remontá-los para aí sim, continuar...
Outro dia ouvi uma frase que diz bem o que acontece:

"A dor não passa nunca, mas a vida nos dá condições de conviver com ela, para poder seguir..."

Força ou coragem não é o que falta, pelo contrário, precisamos de muito mais para simplesmente não ignorar nosso sofrimento. Covarde e fraco é aquele que tenta seguir sua vida normalmente por não querer enfrentar tudo isto, que se fecha num outro mundo que diz ser de alegrias... falsas! Pois só consegue ser feliz, aquele que suportou uma dor e soube transformá-la em degraus a mais em sua “escada” da vida...

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Os amantes

A luz do dia dissipa os dissabores em forma de canto em que ouço sem atenção. As janelas murmuram sua presença no meu jardim, rosa das brancas, vermelha de sangue e de vergonha.

— Vergonha de mim?

Talvez não, talvez não seja isso, ou seja. A noite se expande pelo céu enraizando sua escuridão nas nuvens. O véu da noite separa os amantes do tempo e a escuridão os acoberta do espaço.

— Mas, e quem disse que somos amantes?
— E quem disse que não somos?
— Os amantes se olham com os ouvidos, se vêem com a boca e se falam com o olhar.

O beijo dos amantes nada mais é que um selo de uma carta, palavras que não precisam ser ditas, escritas com sorrisos de sentimentos, pensadas com a alma. Palavras de amantes não tem morfologia ou sintaxe, só a semântica dentro da mente deles.

Amantes são o desejo da felicidade consolidado na Terra.

domingo, 1 de fevereiro de 2009

Sobre prazer, medo e motoqueiros



- por que esta máquina no meio das minhas pernas me dá tanto prazer?
Não falava do meu pênis, foi meu pensamento numa manhã, enquanto acelerava minha moto pela avenida W3. Rodei por dias sempre com essa pergunta na cabeça. Queria escrever a poesia definitiva sobre motociclismo. Relacionei vários sentimentos, porém nenhum transmitiu nem de leve a delícia que é pilotar uma motoca. O que mais se aproximou foi, curiosamente, o medo.
O medo de cavalgar um motor de 450 cilindradas e 180 quilos sobre duas rodas aumenta com a velocidade. Quando acelero a 100km/h entre os carros ou quando travo as rodas antes de curvas traiçoeiras, imediatamente penso em acidente, ossos quebrados, carne dilacerada e, talvez, morte. A adrenalina vai à estratosfera, sinto um calafrio subir pela coluna me lembrando que estou vivo,então aperto os dentes e termino a manobra, satisfeito, pois sou capaz de superar o pavor. Não é para todos.
Adoro este perigo no dia-a-dia, faz o sangue rodar mais rápido nas veias, é uma aventura em que sou o personagem principal. Com o risco de andar de moto, não sou apenas um pacato cidadão que tem uma vida tediosa, quando estou pilotando o meu corcel de aço, sou um cavaleiro indomável e errante. Bastante errante, diga-se. Quase um vilão*. Mas só na aparência, pois continuo a ser o bundão de sempre.
Esse risco, claro, é controlado. Sigo fielmente as regras de segurança mesmo quando a moto instiga o espírito a se superar, a fazer coisas que são vistas com reserva pelos chamados motociclistas, aqueles que conseguem seguir todas as normas.
Sou um motoqueiro, embora não me veja como um desordeiro. Um leve outsider, talvez, pois também descumpro outras regras sociais imbecis (que não vêm ao caso). No trânsito, nunca faço as besteiras dos motoboys, trabalhadores que usam a moto como equipamento de serviço, pessoas que não sentem tesão pela motocicleta.
Eu sinto tesão. E medo. Juntos, o tempo todo. Esta antítese cria o tal sentimento que explica a delícia que é andar de moto. Também me preserva a integridade, impedindo que me arrisque em besteiras, e me salva do tédio, me tirando do seguro e chato sofá da sala. Talvez eu deva criar um novo termo. É uma mistura de liberdade com mistério, de potência com limite, de amor com temor, parecido com a fé em algum deus.
É isso. Por que a motocicleta me dá tanto prazer? Pois eu tenho fé que o prazer será sempre maior que o medo!
Ser um motoqueiro, assim, acaba sendo uma metáfora para a vida: enquanto eu não temer me arriscar, e errar, em busca da satisfação, continuarei acelerando pela estrada da vida cheio de tesão!
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* vilão era o nobres sem título, que perambulavam pelos feudos atrás de pilhagens, conquistas e aventuras.
* outsider = fora de enquadramento

Liberdade Condicional




Me Morte. Emblemática, misteriosa, paradoxal, lúbrica, criativa, escritora, mulher. Me Morte, a mulher de burka, inseparável, contraditória, interessante burka. Me Morte, a mulher que desperta os pensamentos mais loucos e faz fervilharem os hormônios masculinos, especialmente quando sobrevém a constatação inevitável de que embaixo daquela negra burka, existe uma mente brilhante e apaixonante.Esbarrei com Me Morte, casualmente, numa de minhas incursões internéticas, quando pesquisava comunidades góticas no site de relacionamentos Orkut. Aquela figura estranha, com grandes olhos e indumentária muçulmana chamou minha atenção. “Fuçando” suas comunidades, cheguei ao Bar do Escritor, onde tive o prazer de ler vários poemas e contos por ela escritos. Daí, veio a agradável surpresa: não é que aquela mulher – que de muçulmana-talibã-xiita só tinha os trajes – tinha talento? Dona de um estilo peculiaríssimo, Me Morte aborda, com destreza, arrojo, precisão e uma boa dose de refinado humor negro, temas conflitantes e por vezes antagônicos, como amor, ódio, vida, morte, traição, ciúme, avareza, crueldade, beleza, virtude e sexo, muito sexo. Tudo isso “sin perder la ternura jamás”. O sentimento, a emoção, o sublime está sempre presente em sua obra. Me Morte não é uma personagem, é humana, demasiado humana.E é essa explosão de criatividade que nos chega agora em forma de E-book. “Liberdade Condicional” narra a história de Paulo e Falcão, policiais civis de Belo Horizonte, os quais, estressados com sua desgastante rotina profissional, decidem tirar férias e refugiar-se num rancho localizado num canto esquecido da zona rural, longe do corre-corre urbano, dos crimes, dos problemas, das ocorrências, do delegado e... das esposas. Entretanto, o plano dá errado, ambos não conseguem distanciar-se da delegacia nem tampouco de suas respectivas mulheres. As aprazíveis e merecidíssimas férias tornam-se um “revival” narrativo de crimes investigados por eles. Aliás, casos bem interessantes. Como o de Luíza, cujo clitóris foi arrancado com os dentes durante uma “cheirada”, com uma cena em particular, das mais originais:“... O que vai fazer? Onde está minha sobrinha? O que fez com ela seu louco? Ele pegou uma colher de carne moída da bacia de cima do balcão e direcionou até perto de meus lábios com um sorriso no rosto. Não! Você é louco! Diga que não é ela... Abra a boca... Vamos! Abra a boca, sua cadela...”
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Carlos Cruz
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Baixe aqui no RECANTO DAS LETRAS ou no OVERMUNDO.