terça-feira, 4 de março de 2008

Os outros que não vêem

Sou outro, outra vez
Refletido em um rosto que não reconheço
Não sei onde me encontro
Não sei qual é o preço
Da sanidade que não controlo
Da ingenuidade que me consola
Da concordância com o mundo
Ou da revolta que ainda guardo
Há na mente tantos quartos !
Tantas lembranças, tantos fardos
Mas vou à luta novamente
Erguendo-me da lona
Onde atirado estava
No fundo da minha vala
Que cavei para me defender
Dos assaltos ao coração
Da covardia e da traição
Da minha própria condenação !
Sem defesa e sem juiz
Me acuso continuamente
Por teimar em ser feliz
Por sorrir serenamente
Enquanto o caos me consumia
Levando os socos ainda sorria
Fingindo ser tão poderoso
Inatingível e inalcansável

Era outro eu que se valia
Da bravura e covardia
Que dissimuladamente exibia
Estóico !
Era o brado que retumbava
Por qualquer lugar que eu passava
Heróico !
Feitos meus que não contei
Que nem mesmo acreditei
Terem sido obras minhas...

Mas isso é passado de um outro
Que guardo longe dos olhares
E me acompanha aos lugares
Sem ser visto por ninguém...

Mesmo comigo ele insiste
Quer provar que ainda existe
Quer provar que é alguém

2 comentários:

Glauber Vieira disse...

Gostei, foi bem escrito e o ritmo tb está agradável.

Anônimo disse...

Está com um ritimo muito bom. Gostei d +