segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Naufrágio




Fitam-me meus olhos
Arrancados pela neblina
Do arranha céu mestiço
Do enxágüe de tantos corpos.
Espelho d’água salgada, derramada
Em fios castanhos ondulados, à deriva.

Na corrente fixaram-se os olhos
Ancorados pelas rochas e trapiches.
O olhar naufragou
Impregnado de mercúrio e selênio.
Nada no rito do candelabro de luz fria
Diluído na tinta das marés.
Passageira Selene, presa terrena,
Com uma das faces marejada.


foto: Angela Gomes.

2 comentários:

Anônimo disse...

De um lado estava eu, doutro a imagem criada pela poesia. Alguém mergulhava em águas claras, não de pureza mas, de luz artificial. O olhar fixo em meio as ondas, não seguia a corrente. Tudo permanecia, a poesia livre e a poetiza presa.
Olinto A. Simões.

Anônimo disse...

Um erro de digitação, me fez ver o erro da ação de digitar. Poetisa é com "S", e não com 'z', cuidarei para não mais errar.

Olinto A. Simões